Edição 2

Segunda Edição Canicross Magazine

11/12/202457 min ler

Carta ao Leitor

“Nunca deixe que lhe digam que não vale a pena acreditar no sonho que se tem ou que os seus planos nunca vão dar certo ou que você nunca vai ser alguém” Renato Russo

O sonho do lançamento da primeira edição se tornou tão real que já estamos na segunda =) Com a resposta massiva da comunidade que aderiu ao projeto, contribuiu, leu e compartilhou, não tenho dúvidas de que viemos para ficar. E estas são apenas as primeiras de muitas edições que faremos sobre nosso lindo esporte. Desde que começamos a trabalhar na segunda edição, uma pergunta tem ecoado em nossos corações: “Será que a primeira edição agradou aos leitores? Onde podemos melhorar? Quais são nossas fraquezas que precisam de correção e evolução para oferecer um conteúdo de melhor qualidade?”. Confesso que ainda não tivemos tempo de fazer essa pesquisa, então aproveito este espaço editorial para deixar aberto um canal com todos vocês. Estamos aqui para ouvir suas sugestões de melhorias, ideias para matérias, identificação de pontos que precisam de ajustes, para que todos vocês possam participar ativamente da evolução dessa revista que também é sua. Para isso, basta nos enviar um e-mail para canicrossmagazine@gmail.com Para esta edição, preparamos matérias incríveis com a mesmo empolgação que o seu cachorro sente ao ver você pegando o arnês.

Gostaria de expressar meu agradecimento já aqui no início da revista a todos que amam o esporte e dedicaram tempo para ler nossas materias, meus mais sinceros agradecimentos.

Um agradecimento especial também a todos que ajudaram a espalhar nosso esporte pelo mundo, compartilhando o link do nosso conteúdo. Aos fotógrafos que mais uma vez contribuíram com suas fotos, que dão vida à revista, e aos atletas que aceitaram participar das matérias com suas histórias inspiradoras, conselhos e até como colunistas, sim, assim como na primeira edição, vocês lerão artigos escritos pelos próprios atletas =) ... Também deixo este canal aberto para você que tem uma boa história para contar ao mundo do canicross sobre suas aventuras com seus cães, envie-nos um e-mail. Sempre selecionaremos algumas para publicar nesta vitrine da comunidade do mushing.

Rodrigo S. Damião - Fundador e Redator

A História Por Trás da Foto

Sanna Näslund é uma atleta de elite e campeã mundial de canicross em 2019, sendo uma referência no esporte tanto na Suécia como em todo o mundo. Conheça a inspiradora história de superação desta extraordinária guerreira do esporte.

3º lugar Campeonato Mundial (IFSS) 2023 - 1º lugar Campeonato Sueco 2021 e 2023 - 1º lugar Campeonato Mundial (IFSS) 2019 - 2º lugar Campeonato Mundial de Bessans na neve 2019 - 4º lugar Campeonato Europeu de Nybro em terra firme 2018 - 1º lugar Campeonato Sueco 2016-2019.

Foto: Camille Paris

Na incrível República Tcheca, no evento Canix Open 2023, vivi uma linda história de superação e determinação. Minha primeira competição com Bosse e a primeira competição para mim, seis meses após dar à luz ao meu segundo filho. Com o coração acelerado e a mente cheia de dúvidas, embarquei nessa jornada que prometia ser inesquecível. A tensão era palpável. Como seria a corrida? Bosse nunca havia participado de uma competição antes. Estávamos rodeados por outros cães, fotógrafos deitados na pista e uma largada de perseguição que aumentava ainda mais a pressão. Mas Bosse se mostrou um verdadeiro campeão. Sua concentração era impressionante. Ele ignorou completamente os outros cães e fotógrafos, focando apenas em seguir em frente até a linha de chegada. Não poderia estar mais feliz e orgulhosa de sua estreia. Sua determinação e foco me inspiraram profundamente. Para mim, esta competição também marcou um novo capítulo. Depois de ganhar o ouro no Campeonato Mundial em Nybro, meu corpo passou por transformações significativas. Duas gestações e dois partos nos últimos dois anos e meio deixaram suas marcas. Mesmo que eu tivesse a possibilidade de treinar durante ambas as gestações, não é fácil dar à luz e pensar que seu corpo será o mesmo depois. Porque seu corpo não será o mesmo, você mudará, e acima de tudo, terá medo de fazer xixi nas calças. Mas você também se tornará muito mais poderosa do que antes, porque ser mãe é um super poder por si só. Como atleta feminina, pode ser necessário trabalhar um pouco mais, especialmente após uma gravidez. Comecei com exercícios de assoalho pélvico no hospital após meu segundo parto. E foi uma longa jornada, levou muito tempo para me sentir "segura" no meu corpo novamente.

Os preparativos para o Canix Open não foram fáceis. Com tanta neve em casa, eu não consegui treinar com Bosse como gostaria. Mesmo assim, eu não exporia meu corpo a algo para o qual ele não estivesse preparado.

Cruzamos a linha de chegada após nossa segunda volta, e naquele momento, senti-me abençoada. Não me importei com o resultado; a conquista verdadeira foi muito maior do que eu poderia imaginar. Agradeci ao meu corpo por superar tantos desafios e a Bosse por ser um companheiro incrível. Naquele momento, só fiquei animada pensando sobre a jornada que começamos juntos e mal podia esperar para ver o que o futuro reservava para mim e para meu incrível Bosse.

Sanna Näslund

Campeonato Mundial ICF 2024 Itália- Bardonecchia

Conheça os preparativos e expectativas de cinco grandes atletas sobre o Campeonato Mundial...

Nessa matéria você irá viajar para quatro países diferentes e descobrir o que passa na mente dos atletas: Tomas Bravo, Anna Guijarro, Clair Maloisel e o casal brasileiro Andreia e Eduardo Ribeiro

Entre dias 15 à 20 de outubro teremos o campeonato mundial organizado pela ICF em Bardonecchia na Itália. A “Canicross Italia CSEN” está trabalhando arduamente para que esse evento seja inesquecível. Prometeram que não faltará a boa comida Italiana e seus vinhos, além de uma calorosa recepção e paisagens incríveis.

Muito se fala sobre o percurso desse evento, pois ele realmente será desafiador e eletrizante com terrenos diferentes e estimulantes para o cão e seus atletas. Acompanhe a seguir os preparativos de cinco grandes atletas, suas expectativas e o segredo dos seus treinos.

Andreia Ribeiro

Andreia Ribeiro é uma das maiores referências do esporte no Brasil. Diretora da Associação ABCAES e fundadora da equipe “Canicross Team Brasil“ ela gasta seus dias por amor ao esporte, propagando-o e auxiliando novos atletas, além de organizar diversos campeonatos e treinos coletivos para evoluir nossos atletas.

Canicross Magazine:

Quais são os seus preparativos para o mundial desse ano? Andriea: o meu cão e do meu esposo Eduardo (Waze e Woody) estão tendo uma atenção toda especial para esse mundial, além de trabalharem a ansioedade e adestramento com o profissional Gustavo da Cão Ideal, eles também estão realizando um trabalho de fortalecimento proprioceptivo e mobilidade com a fisioterapeuta canina Dra Marina da Authletica. Nós também intensificamos bastante nosso treinamento de corrida após trabalharmos com o Marco Ferreira, que definiu uma planilha de corrida com 1x canicross por semana e 4x corrida solo, além da corrida, focamos bastante no fortalecimento e mobilidade, nessa área somos atendidos por nosso personal Marcelo, com treinos 2x por semana. Para nossa alimentação, trouxemos para o time a nutricionista Dra Renata Tseng e para finalizar, fisioterapia 2 x por semana com Alexandre Leão da Cineses. Realmente uma rotina bem diferente dos nossos dias habituais.

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Quais são suas expectativas em relação ao seu desempenho e sobre o evento em geral? Nossa expectativa quanto nosso desempenho no Mundial são altas, estamos treinando bastante para conquistarmos nossos RPs, e trazer toda experiência de uma prova internacional para melhorarmos as organizações de provas aqui no Brasil O percurso é duro! Altimetria pesada já no primeiro quilômetro, cotovelos com descidas íngremes, bastante desafiados! Mas é um Campeonato Mundial, sabíamos que não seria fácil. São mais de 600 atletas de vários países, o evento mais importante da modalidade. Os organizadores estão bastante empenhados em produzir um evento seguro para todos. A temperatura estará ótima para o Canicross, entre 7 e 15º. Estaremos hospedados a 10 minutos do local do evento, isso facilita bastante a climatização dos cães e nosso deslocamento.

Foto: Juki @canicrossemfoco

Eduardo Ribeiro

Esposo da Andreia Ribeiro e apaixonado pelo esporte, Eduardo também é uma referência em canicross no Brasil. Dirige a Associação ABCAES junto com sua esposa, organiza campeonatos regionais e foi Vice Campeão Brasileiro Master em 2022, além de muitos pódios em eventos nacionais.

Agora a meta é ampliar sua experiência com sua primeira prova internacional para trazer essa bagagem ao Brasil e ajudar a evoluir o esporte por aqui.

Quais são seus preparativos para o mundial e suas expectativas em relação ao seu desempenho e sobre o evento em geral?

Além de todo o acompanhamento com os profissionais mencionados pela Andreia, meu treinamento é focado em fortalecimento, mobilidade e propriocepção duas vezes por semana, corrida solo quatro vezes por semana e canicross três vezes a cada 15 dias. A ansiedade está lá em cima, pois este evento será uma referência para nosso conhecimento. A busca por informações e aprendizado é o que me motiva a replicar e desenvolver o Canicross no cenário nacional. Isso tudo me enche de entusiasmo.

Sou competitivo e não medirei esforços para mostrar que aqui no hemisfério sul também temos cães que se divertem e competem em alto nível. Passagens compradas, estadia reservada e documentos ficando prontos... Será um evento desafiador, com altimetria e terreno que apresentarão suas peculiaridades, nivelando as duplas mais técnicas com as duplas mais velozes. Espero representar o Canicross brasileiro da melhor forma possível e, ao lado de minha esposa Andréia e nossos cães, viver momentos únicos e inesquecíveis.

Foto: Juki @canicrossemfoco

Reflexão: Daremos uma pausa na entrevista com os atletas para abordar uma questão séria que ocorre em alguns países em desenvolvimento. O Brasil, com sua riqueza cultural impressionante e diversidade étnica, é um país de potencial inegável e em constante evolução. No entanto, um aspecto crucial que ainda necessita de melhorias significativas é o incentivo ao esporte desde a base. A educação física nas escolas exemplifica a falta de investimento. Muitas instituições de ensino tratam essa disciplina apenas como uma oportunidade para as crianças gastarem energia, frequentemente utilizando bolas de futebol velhas e sem estrutura adequada. Esse cenário não apenas limita o desenvolvimento físico e motor dos alunos, mas também impede que eles conheçam e se apaixonem por diferentes modalidades esportivas. Para além da escola, crianças e adolescentes interessados em esportes enfrentam barreiras significativas. Sem acesso fácil a instalações adequadas ou programas de treinamento, muitos jovens dependem de contatos pessoais para obter financiamento e suporte. Sem essas conexões, a prática esportiva muitas vezes se torna inviável.

Os poucos que conseguem se destacar enfrentam outro desafio: financiar suas próprias carreiras. A realidade dos atletas de ponta no Brasil é marcada pela falta de apoio governamental. Esportes como o Canicross, por exemplo, permanecem praticamente desconhecidos e desamparados pelo governo, que não oferece projetos de apoio direto aos atletas que poderiam representar o país. A situação dos atletas olímpicos ilustra ainda mais essa problemática. Muitos dos nossos campeões olímpicos de diversas modalidades conquistaram suas medalhas sem receber nenhum incentivo governamental. Isso cria um ciclo vicioso, onde a falta de investimento público desestimula também a iniciativa privada. Grandes empresários, sem uma cultura consolidada de patrocínio esportivo, especialmente para modalidades menos populares, hesitam em investir nos atletas. É imperativo que o Brasil reavalie sua abordagem ao incentivo esportivo. Investir no esporte não é apenas uma questão de orgulho nacional, mas também de saúde pública e desenvolvimento social. Sem um suporte financeiro adequado e uma mudança na mentalidade tanto do setor público quanto do privado, continuaremos a desperdiçar talentos e a perder oportunidades de destacar-nos no cenário esportivo global.

Tomas Bravo

Tomas pratica Canicross há 6 anos e, há 2 anos, fez a transição para a modalidade de scooter. Em 2023, participou do seu primeiro campeonato mundial de Canicross na França, mas sem alcançar os resultados desejados. No ano seguinte, após mudar de disciplina, seu desempenho decolou: Conquistou o primeiro lugar nos campeonatos nacionais na Itália e a décima posição na categoria dos campeonatos ICF em Leipa. Este ano, após uma breve pausa devido a uma lesão, ele retomou os treinos ao lado de seu fiel companheiro, Ares.

Foto: @Massimo Dettaglio photography

Quais são seus preparativos para o mundial e suas expectativas em relação ao seu desempenho e sobre o evento em geral?

Para os próximo campeonato ICF, a motivação é alta porque será na Itália, mas a pista não será nada fácil. Já começamos a treinar em subida. Morando na montanha, sou sortudo em relação às temperaturas e pistas de treino. Estamos nos esforçando para estar à altura de nossos adversários. Nunca se fazem previsões, mas sempre se espera melhorar e subir algumas posições em relação ao ano anterior. Ares terá 4 anos este ano, e eu tenho plena confiança nele. Além de ser um atleta, ele terá que ensinar o novo filhote da casa, Sunfyre (Maja - Paulina Frelich x Malwin - Eszter Takacs), que, mesmo não competindo ainda, nos acompanhará para torcer por nós até que seja ele o protagonista. Neste esporte, o cão precisa estar preparado tanto quanto o atleta, por isso devemos ter um plano de treinamento bem definido. O meu plano de treinamento é feito pelo meu treinador e atleta de Canicross, Mattia Minori, que me acompanha há quatro anos. No momento, treino cinco dias por semana, usando tanto bicicletas quanto scooters, com alguns treinos na academia, alternando entre treinos longos de baixa intensidade e treinos curtos de alta intensidade. Para o treinamento do cão, uso um plano de nove semanas onde alterno carga e descanso. Em qualquer época do ano, treino o cão cinco vezes por semana, mudando o tipo de treino conforme a próxima corrida. Agora, estou treinando duas vezes puxando pesado em subida com a bicicleta, uma vez puxando de scooter em terreno plano, uma vez subindo lentamente no canicross e um dia de bicicleta com o cão solto. Nesta época da temporada, diminuo os quilômetros, mas continuo com treinos de força e treinos aeróbicos. Quando faltarem nove semanas para a corrida, os quilômetros aumentarão e os treinos pesados diminuirão. Este é um treino intenso que não é possível com cães jovens ou inexperientes. Ares é um cão forte com uma motivação muito alta e, acima de tudo, um forte vínculo comigo, que é o mais importante.

Ana Guijarro

Anna Guijarro nasceu em 1989 na Espanha. Há uma década, iniciou no canicross e logo percebeu que seu cão Nanu poderia se beneficiar mais usando uma bicicleta, ao invés de depender apenas de seu ritmo de corrida. Pouco tempo depois, adotou Nana e, devido ao tipo de cadela que é, decidiu experimentar a scooter. Desde então, Anna pratica Bikejoring e Scooter com 1 ou 2 cães

Os títulos mais significativos para Anna foram conquistados na temporada 2023-2024, quando ela e Atlas se tornaram campeões de Espanha e alcançaram o TOP 10 mundial da IFSS. Baseando-se no sucesso da última temporada, seus objetivos são continuar crescendo e melhorando. Anna planeja defender seu título de campeã espanhola e melhorar sua posição nos campeonatos internacionais.

Foto: Yannic Schuster www.yannicschuster.com

Quais são os seus preparativos para o mundial desse ano?

Anna: Temos nosso foco no mundial na Itália e nossa pré-temporada está concentrada em realizar um trabalho o mais específico possível para as características desse circuito. Sabemos que pode haver variações leves no percurso, mas acreditamos que continuará a ter subidas íngremes e descidas técnicas. Por isso, estamos procurando áreas semelhantes em relação à subida (declive e distância) e vamos avaliar qual é a melhor maneira de subir, tanto para Atlas quanto para mim. No entanto, não poderemos realizar simulações nem tomar a decisão final até que o clima esfrie mais e tenhamos mais treinamento. Enquanto isso, estou focada em melhorar a corrida na subida, pois é muito provável que tenhamos que enfrentar isso. Até hoje, nunca enfrentamos um circuito tão exigente quanto o da Itália.

Quais são suas expectativas em relação ao seu desempenho e sobre o evento em geral? É complicado saber ainda. Até que as listas de inscrições sejam publicadas, não saberemos quem são nossas companheiras e rivais na categoria. Em um ano tão peculiar como este, com a sobreposição da ICF e IFSS, as posições podem mudar muito. Mas o principal, e sobre o único que temos o poder de fazer algo, é nosso trabalho, então esse é nosso foco: trabalhar duro e dar o nosso melhor. Uma vez na linha de chegada, espero sentir-me satisfeita com nosso trabalho, independentemente da posição que o cronômetro nos dê. Espero estar à altura de Atlas nessa subida, é muito exigente deixar todo o esforço para um cachorro de 29 quilos. Quando começar a descida, espero não encontrar ninguém para evitar situações de perigo, e minha missão será conduzir da melhor maneira possível para que Atlas possa fazer a parte dele. Quanto ao evento, espero que seja possível encontrar um caminho alternativo para toda a área de asfalto onde estava previsto que passaríamos. Confio que teremos boas temperaturas devido à localização escolhida, e isso será importante.

Claire Maloisel

Claire é uma impressionante corredora de canicross que se apaixonou pelo esporte em 2020. Em apenas dois anos, ela conquistou o cobiçado campeonato francês em 2022 e, no ano seguinte, o campeonato francês de neve. Este ano, Claire alcançou o título de vice-campeã da França, consolidando um histórico invejável de conquistas. Com muito suor e determinação, ela se destacou e tornou-se uma referência no esporte.

Quais são os seus preparativos para o mundial desse ano?

Para minha preparação para o Mundial desse ano, estou partindo para treinar por 7 dias em altitude em Bessans (FRA), nas montanhas, e depois seguindo para um estágio intensivo no Quênia por 15 dias entre agosto e setembro. Até lá, estou planejando participar de várias corridas em estrada e pequenas trilhas entre junho e julho! E meus cães, apesar do verão, continuam treinando em curtas distâncias e até nadando!

Minhas expectativas em termos de desempenho são difíceis de dizer. No ano passado, fiquei no top 10 mundial na IFSS, então digamos que gostaria de mirar no top 5, mas com o nível subindo a cada ano, pode ser ambicioso. No entanto, gosto de me desafiar. Farei tudo para chegar preparado e sem arrependimentos. Sei que com a preparação adequada e sem lesões, o resultado desejado virá!”

Foto: Sarah Boillet @sarah.boillet.photographie

Do Treino a Excelência

A Arte de Treinar e Evoluir Juntos

Convidamos a Atleta Lígia Fernandes, que já teve experiências com outros esportes de alto nível envolvendo animais, para nos contar sobre sua notável evolução no canicross e seus treinos específicos.

Antes de começar a escrever de fato sobre os treinos específicos para a prática de esportes — no caso o canicross —, acho importante uma breve apresentação minha. Meu nome é Lígia Fernandes, 31 anos, atleta. Pratico canicross a menos de 2 anos. Antes eu joguei tênis e pratiquei volteio[1] por mais de 10 anos. Então, aqui vou escrever como atleta, não como técnica ou especialista em animais, mas vou contar a minha experiência no meio dos esportes praticados em conjunto com um animal. De início, já existe uma grande diferença entre correr sozinho ou com um cachorro, fazer ginástica olímpica ou o volteio. A partir do momento em que colocamos um animal para praticar um esporte com a gente, nos tornamos um conjunto, uma dupla. Isso significa que o preparo físico é obrigatório para os dois.

Foto: Rozana Mariano @ro_photograph_

[1] De uma forma resumida, volteio é um esporte equestre definido como ginástica sobre um cavalo em movimento (galopando).

Nos esportes com animais a obrigação é existir harmonia e respeito: a prática não existe se o animal não quiser. É um trabalho que sempre será feito em dupla e priorizando o bem-estar e necessidades do animal. Não é só comprar o equipamento correto e sair para correr. E, no volteio, não é só encilhar o cavalo e montar. Exige preparo físico e mental, sempre no tempo do animal”

Eu gosto de dizer que existem três parte do treino: o preparo físico do humano, o preparo físico do animal e o treino específico do esporte. No começo, sem entender muito esse negócio de canicross, eu simplesmente pegava o Chico e saía para correr. Ia aumentando a nossa distância, mas não pensava em melhorar a técnica ou o ritmo. E com isso fui percebendo que a gente não evoluía como dupla, mesmo aguentando correr com fôlego. Nossa largada nas provas era devagar e o Chico não tracionava quase nada. Como as provas são relativamente curtas, a hora da largada é muito importante: a gente precisa de foco e explosão. Por mais absurdo que pareça, nós paramos de correr juntos. Comecei nossos treinos de preparo físico — ganho de musculatura, estabilidade, coordenação e perda de peso/gordura — e os treinos específicos para a largada e tração. Com as dicas de Armando Farias, começamos a treinar dois comandos: "prepara" e "vai". Assim, Chico primeiro se concentrava em mim e, em seguida, começava a correr. Insisti muito nesse treino, usando brinquedos ou petiscos para atiçar mais ainda ele a tracionar e, claro, treinos curtos terminando sempre com o cachorro querendo mais. Com uma largada ótima, agora começamos os treinos para aumentar o tempo de tração durante a corrida. Qual o meu objetivo? Que o Chico tracione pelo percurso todo de uma prova e não diminua a velocidade a ponto de chegar ao meu lado. A ideia é a mesma de qualquer treino: terminar com o cachorro motivado e querendo mais. Então, começamos com uma distância curta, menos de 1km, mas com o cachorro tracionando 100% do tempo. Aos poucos ele conseguiu aumentar essa distância, mantendo a garra e vontade de correr. Hoje conseguimos correr 2km com o Chico tracionando o tempo todo e seguimos evoluindo.

Junto com isso, outro fator muito importante que ajudou a melhorar nosso desempenho foi melhorar a alimentação — da dupla. Como citei dois parágrafos acima, dentro do preparo físico tem ganho de musculatura e perda de peso/gordura. Analisando o Escore de Condição Corporal (ECC), quando começamos a correr, Chico estava acima do peso — escore 6. O que causa menor desempenho na corrida, fadiga e maior impacto nas articulações. Não sou apenas eu, mas o Chico também tem acompanhamento   com nutricionista e conseguiu atingir o escore ideal para ele (escore 4), mantendo uma alimentação saudável e equilibrada de acordo com as suas necessidades. O resultado disso é um cão mais disposto a treinar e melhorar seu desempenho e, claro, com menos chances de lesão por sobrecarga. Hoje não temos nenhum objetivo grandioso com o canicross, como participar de um campeonato mundial, por exemplo. Mas sou uma pessoa competitiva e vamos continuar buscando nossa evolução dentro do esporte, mas no nosso ritmo e sem pressa. Apenas aproveitando muito a nossa parceria e o vínculo que vamos construindo a cada corrida.

Foto: Juki @canicrossemfoco

Canicross Magazine Entrevista:

Eva Behrmann

Atual detentora da posição de maior prestígio no canicross exclusivo para a raça de pastores belgas (Ouro no FMBB 2024), campeã nacional de canicross na Dinamarca, e primeiro lugar no k9 Biathlon em 2023.

Eva deixa sua marca por onde passa, chamando a atenção não apenas por sua beleza e seu estilo original, como também por seu potencial nas trilhas com seus cães e seus títulos inquestionáveis.

Acompanhe a seguir a entrevista completa com essa eletrizante atleta de destaque do cenário mundial.

Canicross Magazine: Conte-nos sobre sua jornada no mundo do canicross e como você se envolveu nesse esporte.

Desde criança e até a vida adulta, sempre adorei esportes e sempre tive uma paixão por cães. Meu primeiro encontro com uma corrida de obstáculos envolvendo cães marcou um ponto de virada. Embora eu já tivesse adaptado meu treinamento para melhorar minha corrida (apesar de correr nunca ter sido minha preferência principal) meu foco principal sempre foi na força e no poder. Naquela época, eu estava envolvido com IGP e não sabia nada sobre Canicross, Bikejoring ou esportes com cães de trenó. Após minha primeira corrida de obstáculos com meu cão, Trigger, o Canicross rapidamente se tornou meu foco, e fiquei viciado. Combinar minha experiência, paixão por cães e espírito competitivo parecia o ajuste perfeito. Procurei Ben Robinson para orientação e, embora nosso tempo juntos tenha sido breve, foi valioso. Mas eu precisava de um treinador de corrida que pudesse avaliar meu estilo de corrida e meus dados, pois isso é um fator significativo para minha motivação.

Portanto, encontrei um treinador com essas capacidades. A partir daí, meu treinamento de corrida foi estruturado com base em testes fisiológicos: Medição da força e profundidade da respiração, bem como a ativação do diafragma Teste de função pulmonar/espirometria Teste de exercício com equipamento de captação de oxigênio - Teste de Exercício Cardiopulmonar (CPET) Teste de força Perfil Força-Velocidade Treinar meu cão foi a parte desafiadora. Garantir seu desempenho e progresso ótimos exigiu paciência e um entendimento profundo. Meu histórico em esportes e fitness foi vantajoso, pois é difícil encontrar recursos abrangentes sobre como otimizar o desempenho de um cão.

Foto: Danny harzfuchs @hundestars.de

Este ano, você se tornou Campeão Mundial da FMBB (Federação Mondiale Bergers Belges) e conquistou o 1º lugar no Campeonato Dinamarquês de Canicross. Como é uma semana típica de treinamento para você e seus cães antes dessas competições, e como você lida com a pressão desses eventos?

O Canicross exige um desempenho físico significativo do condutor se ele quiser alcançar o nível mais alto. Isso significa treinamento intensivo sem o cão, que melhora o condicionamento, a força e a resistência. Kenobi e eu temos planos de treino individuais – sigo meu plano à risca, enquanto o plano de Kenobi serve como um "quadro" – sempre ajusto o treinamento de Kenobi com base em suas necessidades, comportamento e reações durante a sessão. Para mim, é crucial que meus cães saiam de cada sessão ansiosos por mais e com um aumento de confiança. A motivação e o entusiasmo deles são minhas principais prioridades – não treino até a exaustão. O Canicross, para mim, é principalmente um teste do desempenho físico do cão. Foco especialmente em sua capacidade de puxar o corredor, resistência, força cardiovascular e, claro, motivação. Sem a motivação e energia adequadas, é impossível para um cão dar o seu melhor em longas distâncias. Portanto, acredito que a chave para o nosso sucesso tem sido uma combinação de motivação, treinamento dedicado e nutrição adequada. Por exemplo, Kenobi e eu quase nunca corremos juntos. Sou muito cuidadoso para não esgotar a motivação de Kenobi para se apresentar quando realmente importa. Tenho treinado corrida seriamente por cerca de um ano antes do FMBB, correndo no mínimo 50 quilômetros por semana, junto com 3 horas de treino de força. Além disso, tenho 14 anos de experiência em treino de força e desempenho atlético, o que sem dúvida me deu uma vantagem no mundo da corrida.

Esse foi meu plano 4 semanas antes do FMBB – segui meu próprio treinamento à risca, mas os programas dos cães variaram tanto em distância quanto em dias de descanso. Como mencionado, os programas dos cães são sempre um quadro para mim. Se eu perceber que a energia não está lá, a distância é reduzida, e sempre termino o treinamento com um cão que quer mais. Acredito que criar uma expectativa nas sessões de treinamento dos cães é extremamente importante, e quero que eles esperem que podem fazer mais, que querem mais, e que sabem que serão recompensados por um bom trabalho. As sessões de corrida livre geralmente envolvem os cães correndo soltos enquanto eu ando de bicicleta muito devagar. Eles não usam seus arreios de tração, mas sim seu equipamento "de folga" – para que entendam que não estão trabalhando. A corrida livre é minha maneira de construir o cardio deles, e os intervalos são onde trabalhamos a velocidade em distâncias maiores. Por um longo período, treinamos distâncias ainda mais curtas nos intervalos, principalmente construindo-as com base na avaliação do desempenho do cão na distância e se é hora de aumentar. É a velocidade e o comportamento do cão que determinam isso para mim. Minha regra principal para os intervalos e quando meus cães usam o equipamento de tração é que trotar não faz parte do exercício. Trotamos durante a "corrida livre". O galope é praticado durante os intervalos.

Você tem experiência em treinar fisiculturistas, é consultora nutricional e tem mais de 10 anos na indústria fitness. O que essa experiência trouxe para o seu treinamento e evolução no canicross? Tenho uma carreira em esportes, saúde e treinamento. Sou personal trainer certificado, coach de processos, consultor nutricional, instrutor de fitness, instrutor de Kaatsu e, em 2022, fui certificado como Technogym Master Trainer na Itália, o que incluiu educação em Biomecânica da Corrida, Treinamento com Kettlebell, Frequência Cardíaca como Motor Principal de Desempenho, Treinamento Funcional, Levantamento Olímpico, Técnicas de Aquecimento e muito mais. Trabalho com clientes e atletas de alto nível há 9 anos, durante os quais também tive meu próprio estúdio de desempenho equipado com um scanner corporal 3D, ferramentas de medição de gordura e uma academia pessoal, entre outras instalações. Sempre estive profundamente envolvido em performance. Minha própria jornada atlética inclui competir em fisiculturismo, onde, no início dos meus 20 anos, competi em Bikini Fitness, Body Fitness e Women's Physique. Mais tarde, no Ninja Warrior, competi no Campeonato Dinamarquês de Calistenia na categoria STRONG. Hoje, o foco está principalmente nos esportes caninos e no Canicross. Minha experiência com o corpo humano, assim como com esportes e desempenho, me permite traçar muitos paralelos com o desempenho dos cães. De maneira alguma é uma comparação 1:1, e embora eu tenha pesquisado no Google sobre essa área, há muito pouco a ser encontrado. Suponho que isso se deva às diferenças significativas entre as raças de cães. Claro, nem todos os humanos devem ser treinados da mesma maneira, mas nossa anatomia e fisiologia são mais comparáveis do que as diferenças entre cães e raças. Treinar um Malinois é muito diferente de treinar um GSP ou, em casos extremos, um Beagle.

Isso se aplica tanto ao treinamento mental quanto ao físico. Minha experiência em desempenho humano me dá um certo conhecimento básico sobre progressão e planejamento de treinamento, como quando esperar progresso em força, desenvolvimento em velocidade ou quando aumentar a distância. Essa experiência me proporciona uma boa dose de paciência e me torna extremamente diligente em ler meu cão, pois a última coisa que quero é forçar fisicamente meus cães além do treinamento deles. Existem muito poucos métodos para medir a progressão de desempenho dos cães, e com um Malinois, que é um cão de 110%, eu não confiaria, por exemplo, em um teste de altura de salto, pois eles muitas vezes se impulsionam com um drive incontrolável para situações para as quais não estão preparados. Isso eu preciso evitar. Portanto, comecei a investigar o treinamento baseado em frequência cardíaca para meus cães e espero que isso possa me dar uma melhor compreensão do status e progressão deles. Vejo minha experiência e conhecimento como uma grande vantagem, proporcionando-me uma certa sensação de segurança, pois há muito pouca informação disponível sobre as respostas específicas que procuro. No entanto, também acredito que a coisa mais importante é conhecer seu cão, ser capaz de ler seu cão e garantir que todos os pré-requisitos físicos para o trabalho estejam em ordem. Com isso, quero dizer nutrição adequada, um bom condicionamento físico básico e um cão feliz e satisfeito cujas necessidades são atendidas. Da mesma forma, esses são os mesmos requisitos para um atleta para que ele possa desempenhar ao máximo— as necessidades mentais e físicas básicas devem estar em ordem para um desempenho ideal.

Foto: Jan Teller @janteller

Como começou sua paixão pelos Pastores Belgas, e quais são os desafios e recompensas únicas de competir em canicross com esta raça em comparação com outras? Meu namorado está no exército há 10 anos, e queríamos um cachorro. Eu queria um cão ativo para ser meu parceiro no meu estilo de vida ativo. O Pastor Belga é bem conhecido por ser trabalhador e ter altas necessidades de atividade. O primeiro lugar que visitamos foi um onde não conseguimos sair sem pegar um cão – a Trigger não veio do melhor ambiente. Tivemos algumas dificuldades com ela, mas ela é extremamente inteligente e pode aprender qualquer coisa. Ela se destaca no biatlo canino, embora eu acredite que ela ache Canicross e bikejoring um pouco chatos. A Trigger também não tem pedigree, então nunca poderá competir no FMBB. Treinamos e trabalhamos com ela todos os dias, mas agora só competimos juntos no biatlo canino..  A KWM Kenobi é do Kennel Working Malinois, e essa cadela vem de um dos melhores locais de criação que já vi. Ela tem sido forte e determinada desde o dia em que a pegamos. Ela é também com quem eu competo. Na minha experiência, a tração de um Malinois versus um GSP/Eurohound é extremamente diferente. A tração de um Malinois é como um TechnoBeat – rápida, forte e não muito confortável. Nas poucas vezes em que tentei correr com um "verdadeiro" cão de corrida, fiquei fascinada com o quão confortável a tração parecia. Então, a sensação da tração varia de cão para cão, e além das diferentes potências envolvidas, o corredor também é afetado, o que acredito ser significativo. Da mesma forma, o treinamento será diferente do que, por exemplo, com um GSP ou raça semelhante, onde correr por si só pode ser uma recompensa. Tive que ensinar meu Malinois a puxar e correr como se fosse um exercício separado, criando a expectativa de que uma recompensa vem no final do exercício. O Malinois é frequentemente visto como o cão de trabalho definitivo, conhecido por instintos protetores excepcionais e lealdade. Ter um Malinois Belga vem com uma grande responsabilidade, como a maioria dos cães. O Malinois exige um estilo de vida ativo, estimulação mental e fortes relações com seus donos. Exercícios regulares, sessões de exercícios regulares, sessões de treinamento e rotinas estruturadas são vitais para o bem-estar deles. Isso é verdade para a maioria dos cães de trabalho, mas atividade física sozinha não é suficiente para um Malinois. Além de Canicross e bikejoring, passamos muito tempo em outros treinamentos, como Mondioring. E cada hora passada no treinamento do cão é uma hora a menos no meu próprio treinamento. Acredito que o treinamento deve variar de acordo com a raça, o instinto e o cão individual. Estou ansiosa pelo dia em que treinarei meu primeiro GSP, Eurohound ou Greyster. Tenho certeza de que será uma situação de treinamento muito diferente com um resultado completamente diferente – e não tenho certeza se poderei transferir minhas habilidades atuais de treinamento de cães – um drive e motivação diferentes exigem um treinamento diferente – acredito que encontrarei algo muito mais fácil, mas também muito mais difícil – mas essa é uma jornada que espero ansiosa. Acho o treinamento de cães incrivelmente emocionante, por isso estou fascinada pelo Malinois e agora pelo Mondioring. Com um Malinois, você não pode ser apenas um bom corredor se quiser ter sucesso como equipe; você também deve ser um treinador de cães habilidoso. Na minha opinião, o treinamento de cães e a compreensão do seu cão não são enfatizados o suficiente no Canicross e no bikejoring. A maioria das pessoas simplesmente começa a correr com seus cães, e espero que isso mude no futuro. Compreender seu cão, independentemente da raça, é a chave para o sucesso, na minha opinião.

Além do treinamento físico, quais aspectos mentais e emocionais você considera importantes para o sucesso no canicross? O bem-estar do cão acima de tudo – as ambições esportivas pessoais devem sempre ficar em segundo plano ao se envolver em esportes com animais. Essa mentalidade garante que você possa sempre abordar as competições com uma postura calma, sabendo que fez seu trabalho de maneira completa. Qualquer coisa pode dar errado, e pode sempre haver algo para o qual você não treinou. No Campeonato Mundial na Itália, por exemplo, tivemos que correr passando por galinhas e cervos, e se você não estiver preparado para tais distrações, as coisas podem rapidamente sair do controle. Um bom exemplo é o Campeonato Mundial FMBB: No primeiro dia, durante o evento de longa distância, permiti que a Kenobi fizesse uma pausa para beber e se refrescar em um riacho ao longo do caminho. Isso nos custou cerca de 10 segundos, e terminamos em 3º lugar. Após o primeiro dia, tínhamos 19 segundos para recuperar para tomar a liderança. Permitir que a Kenobi bebesse revelou-se um investimento valioso. No segundo dia, no evento de curta distância de 2 km, estabelecemos um tempo de 05:47.07 com uma velocidade de 20.74 km/h. Esses desempenhos não só nos colocaram no topo do campo, mas também consolidaram nossa posição como campeões mundiais de Canicross, com uma vantagem de 6 segundos sobre o segundo lugar. Acredito que essa pausa para beber contribuiu significativamente para o esforço e motivação dela na nossa corrida final. Treinamento e dieta não são tudo. Quando segundos separam o 1º do 2º lugar, você também deve ser grato pelas pequenas coisas que dão certo, que não se devem ao treinamento, mas também à sorte. Apesar do nosso treinamento intenso, eu diria que tivemos sorte ao nosso lado. Nossa corrida não poderia ter sido melhor. Se eu tivesse tropeçado, se a Kenobi tivesse achado as galinhas interessantes, ou se nosso foco estivesse em outro lugar por apenas 6 segundos, não estaríamos olhando para o nosso troféu hoje. O bem-estar do cão é primordial. As ambições pessoais devem ficar em segundo plano para garantir a saúde e a felicidade do cão.

Que conselho você daria aos aspirantes a atletas de canicross que desejam se destacar no esporte? Meu principal conselho é determinar seu objetivo e o que você deseja alcançar com o Canicross. Há uma diferença significativa em como você deve treinar tanto o seu cão quanto você mesmo, dependendo se você está praticando Canicross puramente para exercício, diversão e aproveitar a camaradagem, a natureza e boas corridas, ou se você pretende competir por colocações no pódio. Na minha opinião, há dois aspectos no Canicross:

  1. O desempenho físico do cão: Isso inclui a capacidade do cão de puxar o corredor, resistência, força cardiovascular e, claro, obediência.

  2. O desempenho físico do corredor: Isso envolve a capacidade do corredor de tornar o trabalho do cão mais fácil. Resistência, técnica de corrida, stamina e velocidade são cruciais, assim como a habilidade de responder aos sinais do cão e garantir uma comunicação clara.

Acredito que ambos os aspectos são cruciais no nível mais alto. No entanto, não importa quão fenomenal corredor você seja, sem um cão com a anatomia certa, alcançar o nível mais alto na cena internacional será desafiador. Ainda assim, não há necessidade de se equipar com uma Ferrari se você só aprendeu a dirigir a 80 km/h. Meu melhor conselho é ser realista com seus objetivos, suas próprias habilidades e as habilidades do seu cão.

Foto: Karen Biasoni @karingillan

Como você enxerga o futuro do canicross, e quais são seus objetivos e aspirações para os próximos anos no esporte? Espero ver o esporte crescer, com mais estudos sobre o desempenho físico dos cães e maior participação. Meus objetivos incluem defender meus títulos em 2025, me destacar no Mondioring e, possivelmente, dar as boas-vindas a um novo filhote.

Em apenas uma palavra, o que é canicross para você? Adrenalina

Canicross Magazine: Agradecemos sua participação e disponibilidade para participar dessa entrevista Eva. Impressionante a riqueza de detalhes que você nos deu sobre seus treinos e sua vida inspiradora. Gratidão por compartilhar conosco todo esse aprendizado. Atletas como você realçam nosso esporte e eleva o Canicross a outro patamar.

Campeonato Nacional

Em agosto, todos os olhos estarão voltados para o aguardado Campeonato Nacional de Canicross, organizado pela Associação ABCAES. Este evento emocionante ocorrerá no dia 25 de agosto no belíssimo Hotel Fazenda Sangri-lá, localizado em Brotas, São Paulo. Espera-se a participação de cerca de 50 competidores, que disputarão em cinco modalidades distintas: Canicross, Bikejoring, Scooterjoring e as duas grandes novidade deste ano, o Canicross Duo e o Canicross Kids. As modalidades oficiais seguirão rigorosamente as regras internacionais da ICF, garantindo um alto padrão de competição. O percurso promete ser um espetáculo à parte, com 4,4 km de pura natureza. Os participantes do Canicross correrão em um terreno tranquilo de terra batida e areia, passando por pomares de laranjeiras e eucaliptos, com cerca de 71 metros de ganho de elevação. Para as modalidades de Bikejoring e Scooterjoring, o percurso será de 2 km, com um ganho de elevação de 41 metros.

Percurso Canicross
Percurso Bike e Scooter

Em caso de chuva forte, altas temperaturas ou demais intempéries naturais a organização técnica poderá realizar mudanças do percurso a fim de preservar a segurança de todos.

O campeonato contará com 5 categorias

  • Kids - Até 14 anos

  • Seniors - de 19 a 39 anos

  • Master I - de 40 a 49 anos

  • Master ll - de 50 a 59 anos

  • Master lll - 60+

A área de chegada contará com piscina para resfreamento dos cães e os participantes contarão com todo o conforto do hotel fazenda Shangri-lá que disponibilizará o day use no dia do evento.

O diretor da ABCAES, Eduardo Ribeiro diz que sua expectativa é poder corresponder às expectativas dos participantes, apoiadores e de todos que estarão presentes no evento.

Canicross Duo

Uma das grandes novidades no evento será o Canicross Duo, no qual os participantes poderão correr atrelados a dois cães ao mesmo tempo, aumentando a tecnicidade, a tração e consequentemente a adrenalina e a diversão.

Foto: Juki @canicrossemfoco

Entrevista com um dos organizadores do campeonato e Diretor da Abcaes Eduardo Ribeiro

Se você esta atento a leitura da nossa revista já viu a apresentação do Atleta Eduardo Ribeiro na matéria sobre o mundial na Itália, no qual ele representará o nosso país em outubro desse ano. Eduardo é uma referencia em canicross no Brasil e uma das pessoas mais dedicadas em propagar o esporte e auxiliar novos atletas, juntamente com sua esposa Andreia Ribeiro, que também estará no mundial representando o Brasil.

Canicross Magazine:

Eduardo, quais são as principais novidades e desafios que os participantes podem esperar no campeonato nacional de canicross deste ano? A principal novidade é o próprio evento em si, primeiro campeonato Nacional ABCAES que terá como premissa as regras da ICF (Federação internacional de Canicross) e que mostrará para entidade que estamos aptos a prática segura e inclusiva de todos que queiram se divertir com seu cão, e o maior desafio nosso é que seja prazeroso para todos os níveis de atletas.

Como a ABCAES está garantindo a segurança e o bem-estar dos cães durante o campeonato? A ABCAES nos deu a responsabilidade de procurar um local que proporcionasse segurança e bem estar para todos, seja cães, atletas e convidados. Foi assim que saímos por mais de 2000km de viagens, 6 cidades, 3 fazendas e diversas trilhas a procura do melhor local, e assim fomos agraciados pelo convite do Hotel Fazenda Shangri-lá para conhecer o local, um espaço privado, cercado e com muito espaço com trilhas e entretenimento para todos em especial os cães. Teremos médico veterinário durante todo evento, hidratação, alimentação e muita diversão garantida, percurso demarcado com redundância para todos se sentirem seguros e se preocuparem apenas em concluir da melhor forma.

Como a ABCAES tem trabalhado para promover o esporte e atrair novos atletas? Tenho o prazer de estar ao lado da maior entidade de Canicross do Brasil e de estar dando suporte técnico operacional para realizar experiências incríveis aos participantes. Vejo a preocupação dessa gestão em estar alinhado as regras internacionais, o desempenho dos gestores que de forma voluntaria prestam todo o retorno às expectativas dos associados; Vejo a criação de modalidades novas: duo-canicross, kids e outras que virão; Vejo iniciativas que criam expectativas em relação a evolução da dupla, como: A CTA, carteira de trabalho ABCAES, destinado a registrar todos os eventos que a dupla participar apoiada pela associação e ranquear a nível nacional; Vejo no Rio, através da Ethel diretora ABCAES, fazendo uma emenda de lei que elimina a proibição do esporte e ajuda a regulamentar o esporte no estado, isso poderá refletir em todo território nacional São iniciativas de difícil execução e que precisamos de muito empenho da ABCAES.

Como você vê o crescimento do esporte no Brasil e quais as principais dificuldades que o esporte enfrenta? Engraçado que temos que tentar estudar e entender quando o esporte chegou no Brasil para termos a real evolução e a incrível história do esporte. O crescimento do “Mushing”, que vai do Canicross aos esportes similares, tem um crescimento importante, digo que está relacionado com o crescimento da área Pet. A necessidade da melhora cognitiva, comportamental e da saúde física dos cães e também dos humanos, fizeram com que o humano procurasse novas experiências, e com o auxílio das redes sociais, das mídias televisivas e de organizadores de eventos, onde eu destaco Rocky Mountain Games, alavancaram o número de participantes e estão chamando a atenção dos órgãos oficiais, políticos, ONGs e críticos. Todos estão à procura de regulamentar e garantir o bem estar animal, podendo ser através de críticas, de leis e por que não de ideias construtivas. Hoje ainda não estamos como esporte oficial nos municípios, ou seja, para ser regulamentado precisamos ter reconhecimento oficial do estado, e aí sim termos um movimento regulatório do esporte com base em instituições internacionais com expertise nas categorias. Eduardo Ribeiro.

Cronograma do Evento

24 de agosto das 14h00 até 17h00: abertura das pistas para reconhecimento dos participantes e seus cães, na pista de Bikejoring e Scooterjoring, só será permitido o reconhecimento a pé dos condutores e seus cães;

  • 24 de agosto das 14h00 até 17h00: entrega de kits, Vet Check e Check de equipamentos de todas as modalidades;

  • 24 de agosto às 18h: brefing geral sobre o evento;

  • 25 de agosto das 06h00 até 07h00: entrega de kits, Vet Check e Check de equipamentos de todas as modalidades;

  • 25 de agosto às 07h30: largada Canicross e logo após Canicross Duo;

  • 25 de agosto às 09h00: largada Bikejoring e logo após Scooterjoring; • 25 de agosto às 09h30: largada Canicross Kids;

  • 25 de agosto às 11h00: premiação geral.

Foto: Ricardo Leizer @leizerricardo

Não perca este evento imperdível, que combina a adrenalina do esporte com a beleza natural de Brotas. Venha torcer, se emocionar e vivenciar a paixão pelo Canicross!

A ABCAES (Associação Brasileira de Canicross e Esportes Similares) foi fundada em junho de 2018 por praticantes de que sentiram a necessidade de estruturar o esporte em território nacional, representada como membro da ICF (International Canicross Federation), com a finalidade de regulamentar e fazer ser compridas as normas e regras do Canicross e esportes similares em âmbito nacional. Além do Campeonato Nacional, a ABCAES organiza muitos outros eventos com parcerias de peso como o Rock Montain Games e o Brasil Open (CBKC) Para se associar e ficar por dentro de todos esses eventos, siga a abcaes no instagram @abcaes_brasil ou acesse o site www.abcaes.com.br

Stepbike

Conheça a inspiradora história dessa Empresa

Conheça a historia da empresa StepBike - Pioneira de Scooterjoring no Brasil Fundada em 2020, a StepBike surgiu com uma visão ambiciosa: proporcionar saúde e diversão através da footbike. Nascida em meio à pandemia, a empresa encontrou maneiras de promover inclusão e desenvolvimento em tempos desafiadores. Desde então, a StepBike tem se destacado ao oferecer uma forma inovadora de locomoção que combina exercício físico e entretenimento em uma única experiência. A empresa já alcançou diversos marcos, tornando-se referência no mercado de mobilidade urbana no Brasil. Com um compromisso contínuo com qualidade, inovação e sustentabilidade, a StepBike continua a inspirar pessoas de todas as idades a explorar o mundo de forma divertida e saudável.

Como foi entrar no mundo da Scooterjoring Os proprietários da Stepbike, Priscila Canniza da Silveira e Francis André da Silveira, mal podiam imaginar a reviravolta que o destino lhes reservava quando fundaram a empresa. A Stepbike, inicialmente dedicada à produção de scooters para locomoção humana, foi surpreendida por um novo e emocionante horizonte graças a uma simples busca no Google. Tudo começou quando um atleta brasileiro, apaixonado por scooterjoring, descobriu a Stepbike ao pesquisar sobre o esporte em seu computador. A hashtag #scooter levou-o diretamente à empresa, que até então desconhecia a combinação mágica de scooters e cães. Este encontro fortuito foi com ninguém menos que Armando Farias, atleta e vice-presidente da ABCAES (Associação de Canicross e Esportes Similares do Brasil). Durante a conversa com Armando, os proprietários perceberam que suas scooters, projetadas com meticulosa qualidade e aerodinâmica, poderiam atender perfeitamente às necessidades dos atletas de scooterjoring. As scooters da Stepbike não apenas se equiparavam aos modelos internacionais importados, como também ofereciam um desempenho para competir em alto padrão. Foi assim que começou a emocionante história de amor entre a Stepbike e o vibrante mundo esportivo de tração com cães. Essa descoberta transformou a empresa e abriu novas portas para aventuras inesquecíveis, unindo tecnologia, paixão e o melhor amigo do homem em uma perfeita harmonia sobre rodas.

Projeto Destrava - Destravando Passos A iniciativa da Stepbike nasceu de um momento profundamente pessoal e transformador na vida dos seus idealizadores, Priscila X e Francis X. Ao receberem o diagnóstico de autismo de seu neto, Arthur, um novo caminho se abriu diante deles, levando-os a descobrir um propósito maior. Inspirados por um projeto realizado na Espanha com crianças com Síndrome de Down, eles se depararam com a surpreendente eficácia das scooters como ferramentas terapêuticas. Foi assim que descobriram que a prática da scooter oferece inúmeros benefícios terapêuticos para crianças com T.E.A. (Transtorno do Espectro Autista), Síndrome de Down e até mesmo para idosos. A atividade melhora a coordenação motora e promove uma série de benefícios, desde o aprimoramento da coordenação até a promoção da interação social e da autoconfiança. O simples fato de alternar as passadas do lado direito e esquerdo estimula ambos os hemisférios do cérebro, contribuindo para a melhora da memória, concentração e função cognitiva. Com essa descoberta, a Stepbike transcendeu sua função inicial e se transformou em uma missão apaixonada. Não era apenas uma empresa, mas uma resposta às suas orações e um propósito de vida.

Foi então que nasceu o “Projeto Destrava”, com o objetivo nobre de oferecer atividades recreativas e terapêuticas para crianças com autismo, promovendo inclusão, desenvolvimento integral e bem-estar. Priscila Canniza: "Através da footbike, oferecemos uma abordagem inovadora para ajudar essas crianças a explorar seu potencial, desenvolver habilidades e se conectar com seus pares de maneira significativa. Contamos com o apoio de diversos parceiros, profissionais, voluntários e membros da comunidade, comprometidos em fazer a diferença na vida das crianças com autismo. Juntos, construímos uma rede de apoio robusta e solidária, essencial para o sucesso do projeto.” O compromisso da Stepbike e do Projeto Destrava é criar um ambiente onde todas as crianças se sintam valorizadas, incluídas e capazes de alcançar seu pleno potencial. O Projeto Destrava não se trata apenas de andar de scooter; é sobre construir um futuro mais brilhante para todas as crianças com autismo. Com dedicação, paixão e trabalho em equipe, estão formando uma comunidade onde todas as crianças são celebradas por quem são e pelo que podem conquistar.

A história da Stepbike e do Projeto Destrava é um testemunho de amor, resiliência e inovação. É um exemplo inspirador de como uma empresa pode transformar desafios pessoais em oportunidades para criar um impacto positivo na sociedade, construindo um legado de esperança e inclusão para as futuras gerações.

Através do site www.stepbikebrasil.com.br/ ou instagram @stepbike - você poderá conferir todos os modelos de scooter disponíveis, desde modelos em aro 16 para crianças até a Musher (especifica para scooterjoring), além de outros equipamentos como antenas e bastões. Confere lá =)

Campeonato Latino-Americano e Masters Latino-Americanos IFSS Dryland 2024

De 14 a 17 de junho, realizou-se o "Campeonato Latino-Americano e Masters Latino-Americanos IFSS – Dryland 2024", em Embalse (Argentina), um torneio que reuniu os melhores atletas da região para coroar os campeões de Canicross, Scooterjoring e Bikejoring.

Canicross Magazine: Hoje, conversaremos com uma das atletas que se destacaram no evento: Patricia Centurión A. ("La Pato"), que conquistou duas medalhas, uma de ouro na categoria DCW M 40+ (canicross) e uma de prata em DS1W (scooter). – Pato, conte-nos um pouco sobre o evento... "Foi o evento mais importante de Mushing da região, com mais de 60 atletas previamente selecionados da Argentina, Chile, Colômbia e México. Foram três dias de muito esporte, mas também de encontros, de intercâmbio cultural, de conhecer novos binômios e de compartilhar experiências. A organização ficou a cargo do Clube CAN RUN e da Federação Argentina de Mushing, que com apoio local e uma equipe de juízes e veterinários, fizeram um excelente trabalho, sempre atentos e prontos para tudo. Além da competição, houve capacitação de novos juízes de diferentes países e de equipe antidoping. Dessa forma, a América Latina continua se formando em prol do esporte.

Embalse é uma cidade linda, ideal para esportes ao ar livre. O circuito tinha 4,5 km, com belas curvas e desníveis, ideais para bike e scooter, ao longo da floresta nativa de Córdoba, terminando à beira do lago. Foi um percurso realmente muito agradável. Todas as delegações foram para aproveitar e dar o melhor com seus companheiros caninos. O idioma em comum foi um desfile de dialetos e abraços, onde a paixão pelo esporte e pelos nossos cães encheu o ambiente de boa energia. No final do evento, realizou-se a corrida de revezamento por países, que para mim foi a mais emocionante. Cada delegação apresentou equipes de 3 disciplinas: canicross + bikejoring + scooter. Tive a honra de ser a única mulher no Canicross. Representar meu país foi uma alegria e também uma responsabilidade enorme. Mas, além da rivalidade esportiva, acho que foi uma diversão para todos, e nas chegadas os abraços não tinham bandeiras.

Este foi meu segundo torneio Latino-Americano (o primeiro foi no Chile em 2022). Acho que nesses dois anos o esporte cresceu muito na região, e isso se refletiu no nível de todas as delegações. Em particular, as mulheres foram se encorajando mais a competir com rodas e, desta vez, conseguimos competir em categorias exclusivamente femininas, tanto no scooter quanto no bikejoring, e com ritmos muito interessantes.

Também sinto que aumentou o interesse dos atletas jovens (Junior) e que o potencial que temos aí é enorme... sem dúvida, temos que focar todos os olhares e esforços em nossos Juniors, porque ali está o futuro do nosso esporte. Acredito que nos próximos mundiais a América Latina vai trazer lindas surpresas..." Isso mesmo! nos confirma Hernán Maquieira, atleta argentino que vive e compete na Europa há muitos anos, e é também vice-presidente para o Desenvolvimento na Federação Internacional de Cães de Trenó (IFSS): “O crescimento do Mushing na América Latina está no caminho certo. A participação de atletas latinos em campeonatos mundiais e eventos internacionais, como este, faz com que eles transfiram muita experiência para seus próprios países, ao competir contra os melhores referenciais e trocar ideias com eles, por exemplo, sobre o treinamento específico dos cães.

Minha opinião é que, com esses aprendizados e com mais participantes em nível local, regional, nacional e internacional, a América Latina tem todas as possibilidades de competir, em um futuro próximo, por medalhas nos Mundiais.” Maquieira também esclarece que “todo desenvolvimento deve acontecer não apenas em nível competitivo, mas também em nível organizacional, e é aqui que vejo o maior desafio na América Latina. Os clubes em nível nacional devem trabalhar juntos; os países latino-americanos devem trabalhar juntos; e cada indivíduo deve entender que ninguém é maior do que o esporte em si, e isso só se consegue com harmonia e trabalho cooperativo. Enfim, a América Latina está levando o esporte pelo caminho certo; agora é preciso continuar trabalhando para demonstrá-lo!” Finalmente, se quiserem viver um pouco do que foi este Torneio, convido vocês a assistirem ao streaming em: https://unaaventuracontuperro.com.ar/ e viva o Mushing Latino!

Todas as fotos de: Mariana Romero @mariana_romero_ph

Campeonato Brasileiro

LBCANIS

Foto: Juki @canicrossemfoco

No dia 06/07, aconteceu o tão esperado Campeonato Brasileiro organizado pela LBcanis. O palco escolhido foi a deslumbrante Fazenda Nossa Senhora da Conceição, situada em Jundiaí, São Paulo.

O evento foi um misto de tranquilidade e competição intensa, com competidores voando baixo pelas conhecidas trilhas da Fazenda. Ao primeiro raio de sol, por volta das 7h, os participantes partiram para a ação em uma manhã fria, perfeita para a prática do esporte. A organização garantiu que todos os elementos essenciais, como ambulâncias, veterinários, árbitros, fotógrafos e equipes técnicas, estivessem prontos e presentes no momento exato.

Ao adentrar o ambiente do evento, fui envolvido por uma atmosfera serena e focada. Tanto os competidores quanto seus cães demonstravam tranquilidade e concentração. As largadas individuais com intervalos de um minuto diminuíram as chances de encontros entre os cães, favorecendo um ambiente seguro. As modalidades em destaque foram Canicross, Canicross Sprint, Canicross Iniciante e Bikejoring (feminino e masculino). O percurso foi desafiador, com subidas consideráveis e descidas que exigiam destreza e técnica.

Matheus Oliveira, que apesar de novo em idade carrega bastante experiência no esporte, inclusive em eventos internacionais, foi um dos destaque do canicross masculino, conquistando o primeiro lugar na categoria Elite (19 a 39 anos) com o melhor tempo do dia (10 minutos e 18 segundos) fechando o pódio com Caio Trindade dos Reis e Wilber Wivans Araújo.

Canicross Magazine: Matheus, como você vem se preparando para manter sua performance e alcançar o primeiro lugar na categoria elite do campeonato brasileiro de Canicross? Esse ano tem sido bastante desafiador para mim, pessoalmente, pois felizmente tem sido um ótimo ano no aspecto profissional, e isso tem refletido na minha vida esportiva também, e eu estou trabalhando em como conciliar esses dois lados da minha vida de maneira saudável e com qualidade, para mim e para os meus cães. Por isso, tenho focado no meu volume de rodagens nos meus treinos de corrida, e trabalhado a resistência de força dos meus cães para que possamos nos ajudar nas competições durante esse momento um pouco turbulento da minha carreira.

Qual foi o maior desafio que você enfrentou durante a competição e como conseguiu superá-lo? O maior desafio para mim foram as descidas, o Joseph é um cachorro muito forte e por isso é extremamente difícil dosar o ritmo com ele nessas situações, além de doer bastante também. Quando chega nessa parte da prova o que eu busco é tentar deixar o corpo o mais leve possível e deixar o Joseph o mais à vontade possível, por mais difícil que seja, é o que considero a melhor opção, pois fazer força contrária e tentar frear para diminuir o ritmo além de cansar ainda mais os dois lados da dupla, vai causar ainda mais dor pós prova para o humano.

O que essa vitória representa para vc? Essa vitória foi muito importante para mim, pois voltei a competir pós lesão recentemente e cada passo é importantíssimo para retomada de confiança para que eu possa voltar à mais alta performance o mais rápido possível para os desafios internacionais.

Foto: Rosita Belinky @robelinky

Quais são seus planos e objetivos futuros no esporte? Meu objetivo eu não escondo de ninguém. Meu sonho é ser campeão do mundo. Representar minha família, meus amigos, meu país e todo o continente latinoamericano nas principais provas do mundo. Para esse ano meus principais desafios serão o Campeonato Mundial ICF, na Itália e o Canix Open da Non-Stop Dogwear na Alemanha, ambos em Outubro, e eu espero trazer ótimos resultados para nós.

Quem brilhou no pódio feminino foi Aline Leite, que não apenas garantiu o ouro no Canicross Elite, como também se aventurou no Bikejoring, completando ambas as provas com maestria nos tempos de 15:33 no canicross, e 16:47 no Bikejoring. O pódio feminino do canicross elite foi completado por Janaina Calian e Anala Galbiatti.

Canicross Magazine: Aline, como você vem se preparando para manter sua performance e alcançar o primeiro lugar na categoria elite do campeonato brasileiro de Canicross? Eu e Annen May fizemos treinos específicos de fortalecimento muscular, além de treinos de velocidade e subida. Aproveitávamos minhas folgas para treinar e, com a proximidade do campeonato, tivemos que realizar dois treinos noturnos, contando com a iluminação dos faróis do carro. Não posso deixar de citar a ajuda da minha família e amigos, que se levantavam cedo, me davam folga ou me deixavam chegar mais tarde no serviço, e embarcavam nas minhas loucuras de correr durante a noite no frio. Graças a Deus, tenho uma ótima equipe!

Qual foi o maior desafio que você enfrentou durante a competição e como conseguiu superá-lo? O maior desafio que enfrentei durante a competição foram as subidas, que exigiram muita perseverança. Consegui superá-las mantendo um ritmo constante e me concentrando em cada passo, mas confesso que na 'subida do milharal' dei uma caminhadinha no final (risos).

O que essa vitória representa para vc? Essa vitória representa, para mim, superação. Se você me perguntasse há um ano se eu gostava de correr, a resposta seria um enfático ‘não’. (Risos). Mas, depois que vi a felicidade no rosto das meninas após a primeira corrida, nunca mais quis parar. Fui me esforçando cada vez mais para correr mais rápido e conseguir acompanhá-las. Ou seja, tive que me superar e me tornar mais forte para correr com elas. Essa é a verdadeira conexão do Canicross: formamos duplas e nos tornamos um só, superando nossos limites e enfrentando todos os obstáculos juntos.

Quais são seus planos e objetivos futuros no esporte? Meus planos futuros no esporte são continuar treinando para disputar o mundial e representar bem meu país junto à seleção brasileira de Canicross.

Foto: Rosita Belinky @robelinky

O incansável William Oliveira, mais uma vez demonstrou sua habilidade singular. Além de organizar e orquestrar o evento com maestria, ele competiu em todas as modalidades da sua categoria, e conquistou o ouro em todas elas. (Canicross Master, Canicross Sprint e Bikejoring).

Canicross Magazine: William, O que te inspirou a começar a praticar Canicross e se tornar um campeão e uma referência nacional no esporte? Eu nunca pensei em ser referência do esporte, e quando me falam isso eu acho estranho. Eu sei muito pouco sobre esse esporte, aprendendo estudando frequentemente sobre ele. Sempre fui muito competitivo, sempre amei o ambiente de competição, aquela adrenalina, olhar meus adversários nos olhos e tentar descobrir qual a estratégia que eles irão fazer para que a minha seja melhor. Mas não é só disso que gosto do ambiente da competição. O ambiente da competição te dá os verdadeiros amigos, aqueles que te vencem e os que você vence e que mesmo assim saem dali e vão ter uma conversa agradável e dar boas risadas tomando o café da manhã na competição ou uma pizza mais tarde.

Foto: Cidinha Brito @cidinhafotosfotop

Eu nunca tive talento para correr ou pedalar, sempre fui muito esforçado nos esportes que pratiquei e prático. Tento, erro e seguidamente tento novamente até ficar fácil. Eu diria que sou disciplinado, não deixo os treinos falharem, principalmente os treinos dos meus cães. Para você saber, meu melhor tempo correndo sozinho 5km fica em 19 min alto e correndo com o Xico consegui fazer 15 min alto! O que me motivou a iniciar foi fazer uma atividade física com os meus cães que já faziam, mas agora poderíamos competir juntos. A primeira corrida que corri com um deles foi organizada por mim mesmo, mas isso é papo para outra entrevista.

Como organizador do Campeonato Brasileiro de Canicross, quais desafios você enfrentou e como os superou? A organização do Campeonato Brasileiro não foi só minha. Toda LBCANIS trabalhou duro para o evento acontecer, a Ana (Presidente) foi marcar o percurso comigo na quarta e na quinta feira, fez entrega de kit, o Etto (Árbitro) fez o seu trabalho e também ajudou desmontando e montando o percurso, o Hendrik (Conselho de ética) ajudou com ideias e o projeto, o Oscar (Conselho de ética) ajudou no percurso e foi staff (auxiliar do árbitro) em um ponto do percurso. Então, todos da LBCANIS ajudaram de alguma forma. Eu não fiz nada sozinho. O grande desafio é aguentar a ansiedade para saber se os atletas irão aparecer e fazer tudo que planejamos dar certo!

Você poderia compartilhar conosco um momento ou vitória memorável que se destaca em sua carreira de Canicross? Eu tenho uma grande vitória todos os dias que é acordar às 3:30 da manhã para começar o meu dia treinando meus cachorros, trabalhando na minha profissão que não é o esporte e depois indo cuidar do meu treino! As conquistas no esporte são frutos dessas vitórias diárias. Um pódio não nasce durante uma corrida, e nesse esporte ele começa a nascer quando você começa a treinar o seu novo filhote e a sua dedicação pelo treino do cão que está com você agora!

Como você se prepara e treina, assim como prepara seus cães, para competições em um nível tão alto? Não existe fórmula mágica. É a mais pura e simples dedicação, estudos e colocar as coisas em prática. Acredito muito nos meus treinos e nos treinos que construo para os meus cachorros. Nesse campeonato Brasileiro eu corri com o Xico no Canicross Sprint. Ele já tinha corrido com a Ana no Canicross em um percurso com 3 subidas. A última vez que eu tinha corrido com ele em uma competição foi em 2022 e eu estava lesionado. Cara, ele tem 7 anos, e eu tinha acabado de correr com a Tonha no Canicross e tive 10 minutos para descansar e fui para a linha de largada com ele e eu ainda estava ofegante! Então não esperava que ele fosse puxar o ritmo até o final, pensei que ele fosse andar na subida do milharal, mas mesmo com 7 anos ele simplesmente se manteve firme até o final, puxando e se mantendo concentrado. Quando chegamos tinha até um grupo de galinhas perto da chegada... Ele só olhou e seguiu! Fizemos um bom tempo e ficamos em primeiro. Eu e ele já tínhamos corrido, ambos estavam cansados! Foi f#d@ pra caramba porque me fez relembrar várias corridas que já tínhamos feito antes!

Você ficou em primeiro lugar em todas as modalidades que participou nesse campeonato. Canicross Master, Canicross Sprint e Bikejoring. Que conselhos você daria para atletas aspirantes que almejam alcançar o nível de sucesso que vc conquistou? A sua pergunta não está completa! Todos os meus cães que competiram ficaram em primeiro lugar em diferentes modalidades e trocando de atletas entre eu e a Ana. Isso é fruto da minha dedicação com os treinos deles. Tanto o Xico quando a Tonha me surpreenderam muito. O Xico contei um pouco na resposta anterior, e a Tonha me surpreendeu porque ela correu o Canicross comigo, depois correu o Canicross Sprint com a Ana e faltava o Bikejoring que infelizmente só tinha eu. Eu já estava com as pernas cansadas e acredito que ela também. Então era só para cumprir o protocolo. Pensei assim até falar o “VAMOS” para ela começar a correr. Então a coisa virou. Pensei que ela iria colocar aquela pressão até o meio da primeira subida que era bem longa com 800 m. Mas ela subiu tudo na tração, depois a descida, a floresta do bambuzal, subida dos pinheiros e no plano atrás do restaurante ele esticou a guia. Cara, pensei: Como assim, ela tá me puxando! Abaixei a cabeça e fiz força ... Até a temida subida do milharal! E ela estava lá, plena.... Me obrigou a ficar de pé na bike, mas eu não consegui ir até o fim da subida assim e sentei... Ela parecia não ligar, fizemos a descida e a reta final. Quando saiu o resultado eu fiquei de boca aberta. Ela fez o mesmo tempo do treino da sexta-feira, só que na sexta ela estava descansada e vinha de dois dias off! 7:35 no treino e 7:35 na corrida. Daí eu pensei ... Ela merece esse título mesmo! A dica é: Dedicação e disciplina!

Acesse o link para verificar todos os resultados https://www.lbcanis.com.br/resultados

"Características de Desempenho de Corredores Adultos de Canicross com um cão"

É comum aos praticantes de qualquer modalidade surgirem dúvidas sobre como melhorar seu desempenho, o que fazer para nadar, pedalar, correr mais rápido e etc...

No Canicross não é diferente, e pensando nisso a pesquisadora Ashlyn Marie Jendro em 2018 realizou uma pesquisa intitulada por “Características de Desempenho de Corredores Adultos de Canicross com um Cão”, visando identificar e avaliar os fatores que influenciam o desempenho em corridas de Canicross, analisando por exemplo a sincronização entre o humano e o cão, a razão de massa entre eles e a experiência dos participantes.

Por: Armando Farias

Para isso Ashlyn reuniu dezenove atletas adultos (9 homens e 10 mulheres) para participaram do estudo durante os eventos Redpaw’s Dirty Dog Dryland Derby e Hateya Trail Run. Os participantes tinham uma média de idade de 39 anos, altura de 1,74 m e peso de 79,95 kg. Os cães pesavam em média 27,6 kg, resultando em uma razão de massa humano-canino de aproximadamente 3:1. 

Os participantes preencheram um questionário sobre sua experiência no Canicross e então foram medidos a altura e peso dos participantes e seus cães. Com os dados recolhidos, foram a campo com cinco câmeras posicionadas em diferentes locais ao longo da trilha para capturar o movimento dos participantes. Os vídeos foram analisados através de um software para mapear as fases de passada de ambos, humano e cão. Para cada fase (voo, frenagem, meio apoio, propulsão) foi numerada e um valor de sincronização foi colocado. O tempo gasto em cada fase da passada foi calculado como uma porcentagem do ciclo total da passada. Essas interações sincronizadas entre o humano e o cão podem desempenhar um papel crucial no desempenho pela equipe. Com isso foram realizadas análises de correlação para identificar relações entre variáveis independentes (sincronização, razão de massa, experiência) e o desempenho no tempo de prova. Para descrever a sincronia ideal entre humano e cão para o melhor rendimento na corrida de canicross, o estudo propôs aspectos que foram analisados e correlacionados ao desempenho.

Sincronia Ideal Entre Humano e Cão no Canicross Análise da Passada e Fases de Movimento

1. Fases da Passada: - Humano: A passada do humano foi dividida em quatro fases: voo, frenagem, meio apoio e propulsão. - Cão: A passada do cão foi analisada de maneira similar, com ênfase na pata dianteira esquerda.

2. Percentual de Tempo em Fases Específicas: - O desempenho foi correlacionado com o percentual de tempo que o cão gasta na fase de voo da pata dianteira esquerda e o humano na fase de meio apoio. - Fase de Voo do Cão: Esta fase é crucial pois representa o momento em que o cão está impulsionando para a frente sem contato com o solo, maximizando a propulsão. - Fase de Meio Apoio do Humano: Esta fase é importante para a estabilidade e preparação do próximo impulso.

3. Correlação com o Desempenho: - O estudo encontrou uma correlação significativa entre o desempenho e a sincronização dos movimentos, especificamente no percentual de tempo das fases mencionadas acima.

Em resumo, otimizar o rendimento no Canicross, a sincronização entre o humano e o cão deve focar nos seguintes pontos: - Fase de Voo do Cão: Maximizar o tempo que o cão passa na fase de voo com a pata dianteira esquerda. Este tempo deve ser uma porcentagem significativa do ciclo total da passada do cão. - Fase de Meio Apoio do Humano: Garantir que o humano tenha uma fase de meio apoio bem definida, que também representa uma porcentagem significativa do ciclo total da passada humana.

Estratégias Sugeridas para Melhorar a Sincronia segundo o estudo

1. Treinamento Sem Cão: Incrementar o tempo de treinamento do humano sem o cão para melhorar a técnica e resistência.

2. Posicionamento do Cão: Treinar para que o cão mantenha uma posição consistente e ideal durante a corrida.

3. Sincronização de Ritmo: Trabalhar em conjunto para alinhar as fases de passada do cão e do humano, permitindo um movimento fluido e eficiente.

A sincronização perfeita no Canicross não é apenas sobre o tempo que cada fase da passada leva, mas sobre a coordenação dinâmica entre os movimentos do humano e do cão. A prática regular e o entendimento das fases críticas de movimento podem ajudar a melhorar significativamente o desempenho. Este estudo fornece uma base sólida para compreender os fatores que influenciam a sincronia ideal no canicross, mas futuras pesquisas podem oferecer insights adicionais sobre como otimizar ainda mais essa sincronia para atingir o melhor rendimento possível. Um ponto interessante que podemos levar em consideração no rendimento durante a corrida, é da força de reboque que o cão faz em relação ao ângulo da guia, que é influenciado pela altura do animal e o comprimento da guia elástica. Um ângulo mais baixo, onde a guia está mais horizontal, tende a permitir uma força de tração mais eficaz do cão, maximizando a propulsão. Já um ângulo mais alto pode indicar que o cão está puxando mais, o que pode ser menos eficiente e mais desgastante, tanto para o cão quanto para o humano. Portanto, pode ser benéfico competir com um cão mais alto e com uma guia elástica mais longa, dentro das restrições da organização do evento, para atenuar o ângulo de reboque quando comparado a uma guia e cães menores.

Este estudo destaca a importância do treinamento para um melhor rendimento no Canicross, o humano deve investir em uma metodologia abrangente que inclua corrida, fortalecimento muscular, flexibilidade e técnicas específicas de Canicross. A sincronização com o cão, a adaptação a diferentes terrenos e a manutenção de uma postura adequada são fundamentais. Além disso, o treinamento mental e a capacidade de controlar o cão de forma eficiente também desempenham papéis cruciais no sucesso das competições. Pontos como a razão de massa humano / cão não foram significativamente correlacionados com o desempenho, pois a variação de terrenos, distâncias e outros fatores externos influenciam nesse cálculo. A sincronização é um aspecto relevante, mas não o único determinante. Pesquisas futuras devem focar em padrões de sincronização em atletas de alto nível e outros fatores de desempenho. Abaixo o link para acessar na íntegra esse estudo.

https://commons.nmu.edu/theses/551 Armando Farias @tdogteam

Atleta em Ascenção

Jerome Henrion

Foto: Alexandra Carminati @alexaussy

Sou Jérôme Henrion, 31 anos e pai de um menino de 1 ano, cuja chegada em minha vida é uma alegria pura. Sou veterinário especializado em cardiologia canina, imagiologia por scanner e medicina interna em uma clínica na Normandia. Sou apaixonado por esportes, e o mais irônico é que antes do canicross eu detestava corrida.

Atualmente, temos 3 cães em casa:

Manzana, uma Border Collie de 8 anos, veio de uma fazenda em Lyon. Magali a escolheu pouco depois de nos conhecermos. Eu não tinha um interesse particular por esta raça, mas seu charme, gentileza, determinação e carinho me conquistaram. No canicross, gosto de dizer que ela é um ESD em um corpo de Border; tudo parece natural nela. Foi a primeira com quem me conectei no canicross, e não me arrependo nem um pouco. Willow, ESD de 4 anos, foi minha escolha quanto à raça e veio de uma família em Bourgogne (embora Magali tenha escolhido o filhote), para minha grande felicidade. Ele é um cão excepcional! Afetuoso (principalmente um grude), inteligente e faria qualquer coisa para nos fazer felizes. Aproveito todos os momentos com ele, seja no dia a dia, nos treinos ou nas competições. Tenho certeza de que vou preservar sua genética e espero seu caráter no futuro. Vibrate Experience Vaulta, um pastor de Shetlands de 3 meses, é a mais nova da família. Tem um temperamento excelente e é muito energética. Já está muito resistente e cheia de vida. Com certeza, com Willow ao seu lado, está aprendendo com os melhores. Prometo que ela experimentará o canicross!

Como comecei no canicross?

Em 2017, a escola veterinária de Lyon organizou uma competição de 8 km de canicross. Embora alguns amigos praticassem o esporte, eu não conhecia muito a disciplina. Foi minha parceira que me inscreveu com Manzana e me colocou no mundo do canicross. Ganhamos a prova e desde então nunca mais paramos”

Manzana

  • Vencedora do Grande Prêmio da França, Senlis 2022

Willow:

  • 1º lugar no Chien d´or na temporada atual 2023-2024 Campeão da França, Loupes 2024

  • 4º lugar no Campeonato Mundial ICF, Leipa 2023

  • Medalha de Bronze no revezamento mundial, Leipa 2023

  • Vice-campeão da França, Vauvert 2023

  • Campeão regional da Normandia, Grimbosq 2024

  • Campeão regional da Normandia, Darnétal 2023

  • Cão de Ouro na temporada 2022-2023

Premiações
Por que essa paixão?

Treinamentos

Eu mesmo realizo 4 sessões de corrida por semana. Não faço um grande volume em termos de quilômetros, mas realizo sessões de qualidade. Willow segue um planejamento que eu e minha parceira, Magali, estabelecemos para as grandes competições. Tentamos dedicar 5 sessões por semana a ele, incluindo exercícios de resistência em liberdade ou natação, hidroterapia, fortalecimento muscular (fitness, cavalettis, propriocepção), sessões específicas conforme os objetivos e ocasionalmente uma sessão de canicross. Tudo baseado em jogos e motivação. Magali, meu elo indispensável, cuida da preparação física e da propriocepção do cão. Todos esses treinamentos fortalecem muito nossa cumplicidade!

Campeonato da França de 2024

Retorno ao Campeonato da França de 2024 Esta vitória continua sendo nossa mais bela conquista nacional! Este percurso foi o mais difícil tecnicamente e mentalmente que já enfrentamos. Na sexta-feira, durante a verificação, o terreno estava em condições difíceis em alguns pontos, e o percurso foi alterado várias vezes por questões de segurança nossa e dos cães. Saí um tanto desanimado dessa verificação, mas Magali e os amigos encontraram as palavras certas para me motivar novamente. Confiei totalmente em meu Wiwi e o deixei fazer seu trabalho. Sem cumplicidade e sem um mental de aço, não teríamos conseguido completar esse percurso. No sábado de manhã, largamos na lama de Bordeaux. Um erro de trajetória devido à mudança no percurso e duas quedas nos fizeram perder preciosos segundos. Terminamos em 2º lugar, na mesma segunda que o primeiro colocado. Assim, largaríamos na primeira onda no dia seguinte, com um pensamento em mente: "Esta é para nós, Wiwi!". Impulsionados por minha esposa, meu treinador e amigos, estávamos completamente motivados para a partida do dia seguinte. No domingo de manhã, o grande dia, largamos com nosso concorrente. Foi uma corrida estratégica com várias trocas durante a prova. Estávamos lado a lado na base da última subida.

Os encorajamentos do público nos deram asas. Naquele momento, uma enxurrada de pensamentos atravessou minha mente: os meses de treinamento, as pessoas que são importantes para mim, as mensagens que recebi de tantos ao meu redor. Willow mostrou que estava determinado a subir aquela última colina como nunca antes. Eu me entreguei ao desejo dele, ajudando-o ao máximo! Deixamos nosso concorrente exausto no pé da subida. Foi um verdadeiro espetáculo na minha cabeça na reta final; eu não ouvia nada além da respiração de Willow e a minha, enquanto a multidão delirava. Minha companheira correu para me abraçar na chegada... sim, Wiwi, nós conseguimos! Este percurso ilustra o cão completo que você se tornou. Forte mentalmente, fisicamente robusto, atento, você nunca enfraquece, mesmo na cruel última subida. Alguns correm pela própria glória; eu corro pela glória, pelo amor aos meus cães, e pela vontade de fazer feliz aqueles que estão ao meu lado todos os dias. Sem esse amor ao meu redor, nada disso seria possível.

Objetivos Futuros Meu sonho seria praticar este esporte profissionalmente, dedicar-me completamente a essa paixão e viver dela! Atualmente, estamos nos preparando para os Campeonatos Mundiais ICF na Itália em outubro próximo. O objetivo é subir ao pódio com Willow e com a equipe da França no revezamento.

Foto: Michel Hourticq @michelhou

Foto: Sarah Boillet @sarah.boillet.photographie