Edição 3

Terceira Edição Canicross Magazine.

11/20/202453 min leer

Foto: Ollo Ecuestre @olloecuestre

Carta ao Leitor

Outubro promete ser um mês inesquecível para o mundo do canicross! Com o campeonato mundial na Itália, Europeu na Finlândia, Canix Open na Alemanhã e a abertura de temporadas em diversos países, o cenário está vibrante e cheio de emoções. Na América Latina, após o sucesso do Sul-Americano e dos campeonatos nacionais que ocorreram em muitos países, ainda teremos outros eventos emocionantes pela frente. Nesta terceira edição da Canicross Magazine, trazemos as últimas novidades do universo de esportes canino com uma programação repleta de conteúdos imperdíveis. Destaque para a nossa matéria especial sobre a raça Weimaraner, acompanhada de uma entrevista exclusiva com Jakub Krzemiński, campeão polonês que tem um Weimaraner em sua matilha que já conquistou numerosos títulos. Inclusive, a partir dessa edição, iremos trazer sempre uma raça especifica, no qual falaremos sobre seu potencial para o canicross e convidaremos atletas que possuem a raça para entrevistarmos. Nos ajudem a pensar qual raça podemos trazer na próxima edição. Para sugerir, basta enviar um e-mail para canicrossmagazine@gmail.com Também preparamos uma entrevista fascinante com a lenda do esporte, Antony Le Moigne, cuja trajetória impressionante dispensa apresentações. E não perca a inspiradora história de superação de Justine Gamper e Skye. Juntamente com essas e outras matérias, esperamos proporcionar uma leitura envolvente e enriquecedora para todos os apaixonados por canicross. Agradecemos sinceramente por estarem conosco nesta jornada. Boa leitura e que outubro seja um mês de conquistas e emoções para todos!

Rodrigo Damião / Fundador e Editor

Waimaraner

Tudo sobre essa Raça Incrível e sua Conexão com o Canicross

Origem e Instintos

O Weimaraner, é uma raça originária da Alemanha, especificamente da região de Weimar, no século XIX. Esses cães foram inicialmente criados pela nobreza alemã para serem caçadores versáteis, capazes de rastrear, apontar e recuperar a presa. Comumente utilizados na caça de grandes animais como veados, javalis, ursos entre outros, os Weimaraners foram desenvolvidos para possuir um olfato aguçado, instintos de caça aprimorados e grande resistência física. Seus instintos naturais incluem uma forte tendência ao rastreamento e à caça. São cães inteligentes, com uma capacidade impressionante de seguir comandos e se adaptar a diferentes situações durante a caça. Sua natureza alerta e corajosa faz deles excelentes cães de guarda, embora sejam conhecidos por sua lealdade e afeto com a família.

Aptidão para Esportes

Se você está buscando um parceiro para esportes, essa raça pode ser ideal para você. Graças à sua origem e instintos naturais, o Weimaraner é uma raça altamente apta para esportes caninos. Sua energia abundante, agilidade e resistência fazem dele um competidor ideal em diversas modalidades.

Separamos 4 modalidades em que ele se destaca. Confira:

Canicross e demais esportes de tração: Com sua excelente resistência e velocidade, o Weimaraner é uma escolha popular para essas modalidades. A habilidade de correr longas distâncias em ritmo acelerado, combinada com seu desejo de agradar ao dono, faz com que essa raça seja uma parceira confiável e competitiva.

Obediência e Rally-O: O Weimaraner é conhecido por sua inteligência e capacidade de aprender comandos complexos, o que o torna apto para competições de obediência e Rally-O. Essas modalidades exigem um alto nível de concentração e precisão, qualidades que os Weimaraners possuem em abundância.

Field Trials: Dado seu histórico como cão de caça, os Weimaraners são naturais em provas de campo (Field Trials), onde suas habilidades de rastreamento, apontar e recuperar presas são colocadas à prova. Sua habilidade de trabalhar tanto em terrenos abertos quanto em áreas densamente arborizadas faz com que eles se destaquem nessas competições.

Dog Trekking e Hiking: Se você gosta de caminhadas longas e trilhas, o Weimaraner é o companheiro ideal. Sua energia e entusiasmo fazem dele um excelente parceiro para aventuras ao ar livre, sendo capaz de manter um ritmo constante por várias horas.

Jakub Krzemiński

Convidamos o atleta Jakub Krzemiński, campeão polonês de canicross e 1º lugar no Hard Dog Race, para falar sobre as habilidades especificas dessa raça. Jakub já correu centenas de quilometros atrelado a seu cão Pablo, um Waimaraner de 3,5 anos que coleciona títulos por onde passa

Canicross Magazine:

Jakub, o que você considera ser as principais características da raça Weimaraner que a tornam ideal para o Canicross? Os Weimaraners são chamados de "fantasmas cinzentos". Eles vão aonde você for, são extremamente focados em seus donos e querem fazer tudo o que você faz. Eles aprendem rápido, são inteligentes e muitas vezes teimosos. O seu objetivo é o objetivo deles. A estrutura física deles é boa para o canicross; eles não são tão rápidos quanto os greysters, mas sua força é enorme, o que é positivo no canicross, pois a força, não a velocidade, é o mais importante.

Como a energia e a personalidade dos Weimaraners influenciam seu desempenho nas corridas? Eles são cães de alta energia. Essa raça precisa gastar sua energia de alguma forma. Eles gostam de dormir no sofá o dia todo, mas também precisam pensar bastante – seja durante esportes ou em treinamentos de obediência – claro, se você quiser ter tranquilidade em casa. Sua energia e engajamento são fantásticos durante a corrida. Eles podem alcançar grandes objetivos em competições com velocidades em torno de 20 km/h, mas também atingem suas pequenas metas durante corridas longas e lentas.

Você poderia compartilhar alguma experiência específica em que a habilidade do seu Weimaraner fez a diferença durante uma corrida? Eu corro com greysters/eurodogs e também com meu weimaraner Pablo. Ele fez um pouco de canicross, mas principalmente corro com ele em uma série chamada Hard Dog Race – uma corrida de 5-6 km com muitos obstáculos, como túneis, pontes ou obstáculos aquáticos, alguns rastejos, alguns saltos sobre árvores. Com greysters, é meio difícil, porque eles têm um instinto extremamente forte para correr, mas com um weimaraner bem treinado, é um puro prazer. Comandos de mudança rápida e adaptação a diferentes condições são perfeitos para essa raça. Pablo adora fazer isso e se mantém focado, ouvindo o que eu quero dele a cada momento de uma corrida difícil e cheia de mudanças. Este ano, vencemos o Hard Dog Race na Polônia, uma competição com mais de 1000 equipes humano-cão. Então, os weimaraners também podem se destacar nos esportes :) Eles são companheiros esportivos perfeitos.

Quais dicas você daria para outros corredores que desejam treinar ou competir com um Weimaraner no Canicross? Treinar com essa raça é igual a treinar com outros cães de trenó. Mas eles têm um vínculo mais forte com o dono do que outras raças; os weimaraners nunca te rejeitam como outros cães podem fazer quando querem descansar. Eles estão com você e para você a cada minuto de suas vidas. É uma pergunta difícil, mas acho que a principal dica é ser paciente e perseguir o objetivo em pequenos passos. Ser "fantasmas cinzentos" é fofo, mas às vezes também é irritante. Você deve ser paciente e ter muita indulgência com essa raça, pois às vezes os weimaraners querem ir além do que é esperado.

Saudações a todos, e que tenham muitos ótimos canicrosses com seus cães e, é claro, com seus "fantasmas cinzentos".

Curiosidades

Cores e Pelagem: A cor característica do Weimaraner é o cinza, variando de um tom prateado claro a um cinza mais escuro. Essa coloração única é uma das razões pelas quais eles são chamados de "Fantasma Cinzento". Existem duas variedades de pelagem: a de pelo curto, que é mais comum, e a de pelo longo, que é menos conhecida, mas igualmente impressionante.

Companheiro da Realeza: O Weimaraner foi criado e mantido exclusivamente pela nobreza alemã até o final do século XIX. Para possuir um Weimaraner naquela época, era necessário ser membro do clube da raça, e eles eram altamente protegidos para garantir sua pureza e habilidades.

Cão de Velcro: O Weimaraner é conhecido como um "cão de velcro" devido à sua necessidade intensa de estar perto de seus donos. Eles são extremamente apegados à família e podem sofrer de ansiedade de separação se deixados sozinhos por longos períodos.

Energia Inesgotável: Um Weimaraner precisa de muito exercício físico e mental diariamente. Eles foram criados para serem cães de trabalho, e sem a devida estimulação, podem se tornar destrutivos ou desenvolver comportamentos indesejados.

Excelente Nadador: O Weimaraner adora água e é um excelente nadador. Sua resistência e força fazem dele um ótimo parceiro para atividades aquáticas, como o dock diving (salto em distância na água) ou simplesmente nadar em lagos e rios.

Inteligência e Treinabilidade: Essa raça é altamente inteligente e treinável, mas também pode ser teimosa. Eles precisam de um dono que seja consistente e firme, mas ao mesmo tempo afetuoso, para aproveitar ao máximo suas habilidades e evitar comportamentos problemáticos.

Essas curiosidades ressaltam o quanto o Weimaraner é uma raça especial, com uma combinação de características físicas e comportamentais que o tornam um excelente companheiro para famílias ativas e amantes de esportes.

Características

Expectativa de vida: 14 anos

Peso médio: 35 kg

Altura média: 65 cm

Cuidados com a saúde do Waimarener

Por serem tão agitados, esses peludos podem sofrer cortes, arranhões e outros problemas do tipo após atividades físicas. Por isso, o tutor deve estar sempre atento à integridade do corpo do animal. Os clubes oficiais da raça recomendam que o cachorro passe por check-ups regulares de problemas gástricos, complicações no quadril, além de avaliações oftalmológicas e da tireoide. Esses pontos podem ser mais recorrentes e que devem ser diagnosticados sempre o mais rápido possível.

Conclusão

O Weimaraner é uma raça com uma história rica e instintos apurados, resultado de sua criação para ser um cão de caça versátil. Sua aptidão para esportes caninos é evidente, com habilidades que o tornam competitivo e dedicado em diversas modalidades. Para os amantes de esportes e atividades ao ar livre, o Weimaraner é um parceiro ideal, sempre pronto para novas aventuras e desafios.

Foto: Izabela Gettel @gettelphoto

Justine Gamper & Skye

Uma história de resiliência e superação

Passei por uma jornada de superação de obstáculos que nunca imaginei enfrentar, e tudo começou com uma Alaskan que entrou na minha vida. Mas antes de contar sobre meu retorno à corrida e como minha paixão pelo canicross começou, deixe-me voltar ao início desta história. Skye costumava competir em corridas de cães de trenó em uma equipe liderada por um amigo meu, e ela tinha tudo para se tornar uma grande cão de trenó. Mas o destino mudou seu caminho quando, sem explicação, ela começou a desmaiar durante os treinos. Desde o primeiro momento em que a vi, senti que havia algo extraordinário nela, e de uma maneira estranha, senti no fundo do meu coração que ela poderia ser minha. No entanto, eu nunca tinha tido um cachorro antes, e sabia ainda menos sobre cães de trenó. Então, seu musher considerou cuidadosamente o que seria melhor para ela após os episódios de desmaio, e um ano depois, ele me fez a pergunta que mudaria nossas vidas: "Você gostaria de dar uma nova vida à Skye como sua companheira?" Eu não precisei de um segundo para responder. O vínculo que senti com a Skye era inexplicável, mas real. No entanto, ao mesmo tempo, estava tomado por um profundo medo. Naquela época, eu mal conseguia dar um passo sem sentir dor, muito menos correr. Anos antes, eu tinha sido atleta de atletismo, competindo em corridas de 10 km, mas uma missão no Camboja trouxe uma doença que devastou meu corpo e espírito. Meus movimentos se tornaram lentos, cada articulação pulsava com uma dor indescritível, e até mesmo caminhar era quase impossível. Os médicos não conseguiam descobrir o que estava errado. Após um acidente de motocicleta em uma estrada rochosa e duas infecções por chikungunya, fui diagnosticada com artrite reumatoide. Passei por uma série de tratamentos — pílulas de cortisona, medicamentos para reumatismo, injeções — mas nada parecia funcionar. Em maio de 2022, a organização para a qual trabalhava decidiu me mandar de volta para a Suíça porque eu não conseguia mais nem escrever no quadro enquanto lecionava. Foi no final de maio que voltei para a Suíça, e no início de junho, com a determinação que só quem sabe o que quer tem, voei para a Finlândia para buscar a Skye.

Corre, Skye, Corre!
por Justine Gamper

Muitos me chamaram de louca. Afinal, quem voa para outro país duas semanas após voltar de uma experiência traumática, sem emprego, sem apartamento, apenas para buscar um cachorro? Mas eu sabia que essa decisão mudaria minha vida.

Liguei para minha madrinha e, com uma confiança inesperada, disse: "Vou voltar com um cachorro. Podemos ficar na sua casa até eu encontrar um lugar para nós?" Ela concordou, tendo visto apenas uma foto da Skye. Foi a Skye que me trouxe de volta à vida e, mais especificamente, à corrida. O fogo em seus olhos acendeu em mim o desejo de aprender mais sobre o que eu poderia fazer com um ser tão especial. Foi assim que descobri o canicross. Através do site da Non-stop dogwear, comecei a estudar o esporte e a seguir atletas como Tessa Philippaerts e Ben Robinson. Tessa, com sua generosidade, respondeu a todas as minhas perguntas no Instagram, mesmo sem me conhecer. Ela se tornou uma grande mentora e continua me ajudando até hoje. O desejo de competir em uma corrida, algo que parecia distante e impossível, começou a tomar forma na minha mente. Encontrei uma corrida na Alemanha que chamou minha atenção, mesmo sabendo que teria que dirigir seis horas para chegar lá, sem saber se a Skye correria ao meu lado ou se eu conseguiria enfrentar a corrida. Mas nós conseguimos. Com pouco treinamento, apenas alguns metros para testar se ela puxaria a guia de canicross, participamos. Eu a segurei durante a corrida, temendo por sua saúde, mas mesmo assim, terminamos em segundo lugar. Em seguida, competimos espontaneamente em uma corrida na Suíça. Skye ainda estava se ajustando à sua nova vida, e eu me sentia mentalmente exausta, mas vencemos. Foi nesse momento que nos tornamos uma equipe única. Voltei a treinar com meu grupo de atletismo e treinei a Skye nos meus dias de folga ou antes ou depois dos meus treinos. Logo enfrentei o problema de estar supertreinada enquanto a Skye não estava treinada o suficiente, então tive que aprender mais sobre como fazer monosporte com um cão. No entanto, no início deste ano, a dor no meu quadril voltou, dificultando até mesmo caminhar. Foi então que decidi, após quase dois anos seguindo o trabalho de Willian Oliveira no Instagram (@canicross_brasil), entrar em contato com ele. Willian, que trabalha com atletas muito mais renomados do que eu, imediatamente se ofereceu para ajudar. Eu estava cético, mas decidi tentar. E foi a melhor decisão que eu poderia ter tomado. Em poucas semanas, eu estava correndo novamente sem dor, sentindo-me mais forte, mais explosivo e mais confiante do que nunca.

Foto: Martin Steger @mse48

Foto: Tierische Augenblicke @tierische_augenblicke_

Foto: Manu's photography @manufotografie

Minha história com a Skye continua. Recentemente nos mudamos para a Finlândia, onde dedico minha vida aos cães de trenó e aos esportes que eles amam. Vamos competir no Campeonato Europeu da IFSS em Jämijärvi em outubro, e depois viajaremos diretamente para a Alemanha para o Canix Open. Agora, com nossa nova companheira, Ilma, uma filhote de Greyster, nossa família de corridas está completa. A dor às vezes retorna, mas o fogo que compartilho com meus cães é mais forte do que qualquer obstáculo. O mais importante para mim sempre será o vínculo que tenho com eles e a alegria que sentimos fazendo o que amamos juntos.

Decathlon

Direciona sua força para o mundo dos esportes caninos

Hoje, entrevistamos Laetitia, líder de ativação na Decathlon, para entender melhor a visão desta grande empresa, que já atua no mundo dos esportes caninos através da Decathlon Outdog e sua seção de esportes para cães. Nos próximos meses, a marca pode expandir sua contribuição com o lançamento de novos equipamentos para cães

Canicross Magazine:

Qual é a visão da Decathlon sobre o mundo dos esportes caninos, especialmente o Canicross? O status do cão na vida familiar europeia mudou significativamente nos últimos anos. Hoje, eles são membros plenos da família e, muitas vezes, entusiastas do esporte com necessidades próprias (equilíbrio energético, equipamentos, cuidados, etc.). Ter um cachorro é uma aventura diária, e porque ele está sempre pronto para se exercitar, sempre o primeiro motivado a sair, sempre pronto para compartilhar uma atividade... Estamos convencidos de que é graças a ele que muitas pessoas vão cair no esporte. Queremos mostrar aos nossos aspirantes a desportistas que o desporto com o seu cão acrescenta ritmo ao seu dia-a-dia, é mais divertido, mais intenso e mais regular, e que fortalece o vínculo entre eles de forma desmedida.

Para começar, gostaríamos de apoiar os primeiros passos do maior número possível de parceiros esportivos, ajudando a tornar esses esportes acessíveis. Seja para lazer, competição, férias que aceitam cães, etc. Queremos oferecer uma experiência completa graças aos equipamentos que nós mesmos projetamos e aos equipamentos de nossas marcas parceiras, e aos serviços que podemos combinar com eles, como programas de treinamento ou reserva de viagens dogfriendly. Quando se trata de práticas, o canicross é uma das formas mais acessíveis de praticar esportes com seu cão. Os clubes onde você pode aprender e ser acompanhado em seus primeiros passos já estão bem estabelecidos, as marcas estão oferecendo equipamentos cada vez mais acessíveis e fáceis de usar, e o calendário de corridas e eventos em torno desse esporte está se expandindo com o passar dos anos. Acreditamos que devemos continuar nessa direção para ajudar essa comunidade de entusiastas do esporte a crescer.

Como a Decathlon pode contribuir para a evolução do esporte? Estamos apenas no início da história dos esportes caninos da Decathlon. Uma das nossas principais missões é facilitar o acesso ao desporto e torná-lo o mais acessível possível, seja através do desenvolvimento de equipamentos, programas desportivos para ajudar os cães a progredir, ou participação em eventos... As opções são inúmeras.

O Comitê Olímpico Internacional tem uma proposta sobre a mesa para aprovar o Canicross como esporte olímpico. Acreditamos que grandes marcas, como a Decathlon apoiando o esporte, trarão mais visibilidade e facilitarão essa aprovação. Qual é a sua opinião sobre isso? Não há dúvida de que ganhar esse tipo de visibilidade pode ajudar muito no desenvolvimento dessas práticas esportivas. Dito isso, humildemente não estamos nessa fase de projeção, já que ainda temos muito trabalho a fazer para democratizar o acesso a esses esportes e apoiar o progresso de todas as duplas que em breve estarão no esporte.

Canicross Magazine: Agradecemos a entrevista e o apoio de vocês ao nosso esporte que só cresce em todo o mundo. Temos certeza que a vizibilidade do canicross será ainda maior com a entrada de marcas como a Decathlon.

Corrida com Resistência

O Impacto do Paraquedas no Desempenho Físico dos Cães

Por: Armando Farias

Foto: @juleskennel

No mundo dos esportes caninos, o condicionamento físico dos cães é fundamental. Assim como os atletas humanos, os cães precisam de treinos específicos para desenvolver força, resistência, agilidade e potência. No entanto, encontrar métodos de treino que desafiem os animais sem sobrecarregar seu sistema musculoesquelético pode ser um desafio. A algum tempo, uma técnica tem sido explorada para intensificar o treino dos cães de forma eficiente e segura: o uso de paraquedas. Publicado na revista Animals, o estudo “The Immediate Effect of Parachute-Resisted Gallop on Heart Rate, Running Speed and Stride Frequency in Dogs” (O Efeito Imediato do Galope com Resistência de Paraquedas na Frequência Cardíaca, Velocidade de Corrida e Frequência de Passos em Cães) investiga os efeitos imediatos do uso de paraquedas durante o galope em cães. Conduzido por Sandra Hederstedt, Catherine McGowan e Ann Essner, o artigo apresenta descobertas sobre como a resistência imposta por paraquedas pode alterar a biomecânica e a capacidade cardiovascular dos cães durante o exercício. Antes de tudo, lembramos que esse é um resumo do estudo, e que incentivamos ao máximo a leitura na integra do artigo. Você encontrará o link ao final do texto!

Foto: @juleskennel

Para o estudo realizado em 2018 foram selecionados 44 cães, de raças variadas que tiveram como critério de inclusão ter peso corporal de 20 a 40kg e não ter lesões ou alguma doença reconhecida nos últimos 3 meses. O objetivo era simples: comparar os efeitos de uma corrida com e sem resistência de paraquedas. Para isso, cada cão correu em uma pista reta de 200 metros, sendo que, em algumas vezes, um paraquedas foi preso ao seu arnês, oferecendo resistência durante a corrida. Durante todo o processo, os pesquisadores mediram três variáveis principais: frequência cardíaca, velocidade de corrida e frequência dos passos. Para isso utilizaram um monitor de frequência cardíaca Polar V800 que foi colocado em uma coleira ao redor do pescoço do cão e um sensor de resistência colocado no arnês, o Paraquedas utilizado no estudo tinha o tamanho de 40 x 40 polegadas (aproximadamente 101,6 x 101,6 cm)​ e foi conectado ao final do arnês.

Levantaram também no estudo a temperatura ambiente, velocidade do vento e umidade do ar, as filmagens da corrida foram realizadas entre a distância 100 e 150m com câmeras operando a 60 quadros por segundo. Os resultados mostraram que os cães que correram com o paraquedas apresentaram uma frequência cardíaca semelhante a corrida sem resistência porém com uma redução de velocidade entre 19% e 40% e maior frequência de passada de 18% a 63%. Vendo que a frequência cardíaca dos cães foi praticamente a mesma, independentemente de estarem correndo com ou sem o paraquedas, o estudo sugere que, embora a resistência do paraquedas tenha diminuído a velocidade, os cães atingiram o mesmo nível de intensidade cardiorrespiratória. Portanto, eles estavam se esforçando tanto quanto na corrida sem paraquedas, só que em uma velocidade mais baixa e com uma mecânica de movimento diferente.

O uso de paraquedas na corrida canina representa uma oportunidade para intensificar o treino sem sobrecarregar o sistema locomotor do cão. Ao manter o ritmo cardíaco elevado, mas com uma velocidade mais baixa, é possível obter os benefícios de um treino intenso com menor risco de lesões. A corrida com paraquedas também pode ser utilizada em programas de reabilitação, onde é necessário um treino que promova alta intensidade sem forçar tanto as articulações e músculos dos cães. Apesar dos resultados positivos, o estudo sugere que mais pesquisas são necessárias para entender plenamente os efeitos de longo prazo desse tipo de treino. Além disso, a variabilidade da resistência do paraquedas que pode depender da velocidade do cão e das condições climáticas como o vento, ainda precisa ser melhor compreendida.

A possibilidade de personalizar a resistência do paraquedas para diferentes tamanhos e raças de cães também é um campo a ser explorado, de modo a garantir que o equipamento seja seguro e eficaz para todos os tipos de cães.

Por fim o uso de paraquedas pode ser uma ferramenta eficaz para diferentes tipos de atividades como Canicross, Busca e Resgate ou até mesmo em casos reabilitação para melhorar a capacidade física e cardiorrespiratória dos cães de maneira segura e controlada. Reforçamos que a utilização de qualquer equipamento ou tipo de treino, devem ser acompanhados por profissionais que devem ponderar a utilização ou não da técnica a depender de aspectos específicos do cão, como idade, fase de treino, condições físicas e afins.

Recomendamos a todos a leitura do artigo na integra, para que possam entender melhor sobre o estudo através do link: https://www.mdpi.com/2076-2615/11/7/1983

Preparo Físico do Cão Atleta

Por: M.V. Marina M. G. Samuel CRMV-SP 36862

Um cão atleta requer um responsável, condutor ou treinador consciente. No mundo do canicross, o desempenho do cão é tão importante quanto o do corredor humano. O preparo físico adequado do cão não apenas potencializa a performance da dupla durante a corrida, como também é fundamental para prevenir lesões e garantir sua longevidade no esporte. Assim como o atleta humano, o cão atleta precisa de um programa de treinamento específico focado na resistência cardiovascular, força muscular e flexibilidade, além de técnicas de aquecimento e estratégias de recuperação, fundamentais para manter os cães atletas em condições ideais de saúde e desempenho. Embora correr seja um comportamento natural para os cães, a tração não é instintiva, o que torna o treinamento e a preparação física ainda mais importantes.

Um estilo de vida saudável para o cão

Canicross oferece ao cão muito mais do que apenas uma forma de gastar energia: ele fortalece a conexão entre o humano e o animal, proporcionando momentos de qualidade que melhoram a obediência e o foco no condutor. Embora as pesquisas sobre a quantidade ideal de exercício para cães ainda sejam limitadas, os benefícios da prática regular e bem planejada são evidentes. Cada cão tem necessidades específicas

– afinal, o porte de um chihuahua é completamente diferente do de um dogue alemão – mas certos princípios se aplicam a todos cães. Diversos estudos demonstram que manter o animal ativo, com controle de peso adequado, e promover o condicionamento cardiovascular e musculoesquelético são elementos essenciais para uma vida longa e saudável. Na Authletica, cuidamos de cães atletas e incentivamos a prática de esportes, seja de forma competitiva, amadora ou recreativa. É essencial que essa atividade seja adaptada às necessidades individuais do cão, levando em consideração fatores como raça, morfologia, condição corporal, saúde, idade. Com o preparo adequado e as devidas precauções, todos os cães podem desfrutar dos benefícios do esporte, que incluem melhoria da saúde mental e física.

Prevenção de lesões em cães atletas

É importante ter em mente que canicross não é simplesmente correr e levar o seu cão junto. Existem potenciais riscos de lesões, assim como humanos amadores e iniciantes na corrida – ainda que o cão corra sem tração. Lembrando da regra do esporte: o cão pode estar à sua frente, pode estar ao seu lado, mas nunca deve estar atrás do condutor. Cães adultos que foram exercitados de forma inadequada, ou que sofreram lesões leves quando jovens podem  apresentar sinais clínicos de uso excessivo, lesões compensatórias ou repetitivas. Em especial, animais sedentários devem ser adaptados gradativamente à atividade física. Cães que praticam esportes apenas nos finais de semana estão mais susceptíveis a lesões devido à falta de treinamento adequado e à fadiga quando ultrapassam seus limites. É importante ressaltar que a velocidade não é o principal fator nas lesões, mas sim a recorrência de lesões maltratadas. As lesões mais comuns em cães que praticam corridas de tração são as lesões miofasciais, contraturas musculares, estiramento ou ruptura de fibras musculares, lesões em tendões e ligamentos, principalmente ligamento redondo do quadril, ligamento cruzado do joelho, e tendão de Aquiles. O impacto e estresse mecânico durante a corrida é atenuado pelo tipo de superfície, por isso o indicado é que as corridas sejam feitas em terrenos rústicos.

Iniciando as corridas: Qual a idade mínima? Qualquer cão pode correr? Preciso fazer exames no meu cão? Posso correr com meu cão na coleira? Preciso fazer um pré-treino alimentar com ele? Como começar? Quais comandos eu preciso ensinar para meu cão? São muitas perguntas que surgem quando decidimos iniciar as corridas com seu cão ao lado. Caminhadas e corridas livres são recomendadas para cães filhotes, promovendo o desenvolvimento físico gradual. Próximo à puberdade - que é relativa ao porte e/ou raça do cão - o condicionamento físico é mais eficaz, quando ocorre um maior desenvolvimento muscular. Geralmente as provas exigem idade mínima de 1 ano do cão. Apesar das diferenças em massa muscular e tamanho entre machos e fêmeas, não há diferenças significativas no desempenho. Raças braquicefálicas - aquelas que têm o focinho curto - não são recomendadas para corrida, devido ao maior risco de hipertermia. Raças pequenas podem correr, afinal quem dita o ritmo da corrida é o cão. Cães com sobrepeso apresentam frequência cardíaca mais alta durante o exercício em comparação com cães magros, destacando a importância do controle de peso para a saúde e desempenho físico. Check-up veterinário, com avaliação de hemograma, bioquímicos, e avaliação cardíaca são recomendados para iniciar a corrida.

A especialidade dentro da medicina veterinária que vai ser capaz de avaliar mais adequadamente o sistema locomotor é a fisiatria (fisioterapia veterinária). A vacinação deve estar em dia, assim como controle de parasitas. Para fazer os treinos, o cão deve usar um arnês de corrida, que é uma coleira peitoral especial que ajuda na tração sem restringir o movimento do animal, principalmente quando referimos a extensão do ombro durante a corrida. Deve ter uma guia elástica conectada, que ajuda a absorver o impacto da força de tração para o humano e o cão, além de uma cinta para o humano, que, por segurança, deve correr com as mãos livres. O cão deve ser alimentado minimamente 5h antes da corrida. Na verdade, um estudo relatou que cães de trenó alimentados com uma dieta extrema sem carboidratos (usando gordura com base em energia) se saíram melhor do que cães que receberam dietas ricas em carboidratos. Então não se preocupe, a energia já foi produzida e acumulada no organismo – fisiologicamente, “primeiro os cães caçam, depois eles comem”, então tudo bem correr o canicross em jejum.

Outro estudo mostra que cães não treinados retardam em até 1h o esvaziamento gástrico. Portanto, a hidratação deve ter a mesma atenção. É mais indicado molhar o cão antes, durante e/ou após a corrida para controle térmico do que deixá-lo beber água. Para ambos os casos, comer ou beber muita água, existe um risco de torção gástrica, um problema grave que pode levar o animal a óbito rapidamente. A quantidade de água deve ser moderada, o tempo mínimo de 30 a 60 minutos após o término da atividade. A melhor opção seria pedir orientação para um veterinário que atua com cães atletas. Treinos em grupo com duplas mais experientes podem ajudar, mas é fundamental treinos individuais também para reforçar os comandos. O cão deve saber desviar para a direita ou esquerda, saber desacelerar, ou acelerar, e não deve ser reativo a estímulos externos, e sim focado somente no exercício. Na Authletica contamos com uma equipe e parceiros de treinamento, desde suporte de atletas profissionais, adestradores e veterinários de diversas modalidades para auxiliar duplas (ou trios) iniciantes.

Preparo do cão atleta:

Existem diferentes tipos de condicionamento físico, a depender se: é um cão filhote escolhido para ser treinado para determinado esporte, ou um cão que já corre, mas precisa melhorar a performance, ou se é um cão sedentário que vai começar uma atividade física. Além disso, para desenvolver um programa de treinamento, é fundamental definir a frequência, a intensidade e a duração dos exercícios. Frequências, intensidades ou durações excessivas podem ter efeitos adversos, como agravar condições preexistentes ou causar lesões. Isso pode ocorrer devido à falta de descanso, fadiga muscular ou cardiovascular excessiva, ou ao estresse excessivo nos tecidos durante a atividade. Até o momento, não existem evidências científicas que determinem a quantidade ideal de treinamento para o condicionamento e a manutenção de cães esportivos no geral. Por isso cada cão deve ter um plano personalizado, avaliado caso a caso. No entanto, é importante considerar alguns tópicos relevantes para uma prática mais segura possível do

esporte. Veja a seguir alguns tópicos relevantes antes de começar a correr com seu parceiro de quatro patas. Aquecimento é importante antes de cada treino, certifique-se de passar pelo menos 5 minutos aquecendo em uma caminhada em ritmo acelerado, principalmente em dias frios. No pós corrida não pare o treino abruptamente! No final de cada treino, passe alguns minutos desacelerando para permitir a frequência cardíaca e a frequência respiratória voltem ao normal e que os músculos relaxem. Caminhe em ritmo acelerado por 5 minutos e depois em ritmo mais lento por mais 3 minutos. Se um cão for restrito das atividades de corrida, ele diminui cerca de 40% da sua resistência, e vai demorar o mesmo tempo que ficou parado para retomar seu desempenho. Portanto, se você treinou por algumas semanas mas o seu cão não, lembre-se que ele precisa se condicionar novamente. Tanto velocidade quanto distância devem ser aumentadas gradativamente. Não se deve ultrapassar 10% nem de um, nem de outro, entre um treino e o próximo. Isso deve ser avaliado individualmente. Para boa parte dos cães, ao correr com uma pessoa, eles estarão em um trote rápido; esta é uma marcha relativamente eficiente para o cão e minimiza lesões. Treinos específicos são os que melhoram a corrida. Colocar um cão para nadar ou andar na esteira aquática como atividade complementar pode ser interessante por outros motivos, mas o que realmente aumenta o desempenho do cão na corrida, é correr. As tensões e subsequentes adaptações no ossos, ligamentos e cartilagens que ocorrem na corrida não são fornecidos na mesma medida com esteiras de natação ou subaquáticas. O cão pode desenvolver resistência, mas os músculos extensores dos membros posteriores não estarão suficientemente condicionados. Podem ser feitos treinos na esteira e corridas livres ou com resistência para ajudar a adaptar ou melhorar o desempenho do cão. Apesar disso, fazer treinos que fortalecem musculaturas relacionadas ao esporte não podem ser excluídos ou substituídos. Pelo contrário, eles que dão suporte aos tecidos e evitam lesões. O fisioterapeuta veterinário está habilitado para montar um programa de exercícios físicos específicos para o cão. Vai ser considerado inicialmente o nível atlético que este animal tem, e então pensado dentro das fraquezas, limitações, ou alterações posturais, quais exercícios, e qual programação são mais indicadas para o cão atleta. Se o paciente não tiver nenhuma alteração importante, a planilha de treinos e exercícios pode ser pensando em alguma prova alvo ou simplesmente na rotina de treinos que o animal tem. E por último, mas longe de ser menos importante, as terapias manuais, como a osteopatia e a quiropraxia ajudam a melhorar o desempenho do atleta também, técnicas amplamente utilizadas em cavalos atletas, mas pouco explorada em cães.

Considerações finais:

O canicross é um esporte gratificante, onde humano e cão estão em plena sintonia praticando a mesma atividade física. E por isso o preparo físico dos cães atletas é tão importante quanto o dos humanos para melhorar o desempenho e, principalmente, evitar lesões, promovendo a saúde e o bem-estar. Na Authletica, oferecemos Fisioterapia Veterinária, Quiropraxia, Terapias Manuais, Osteopatia e Condicionamento Físico para cães. Cada cão atleta passa por uma avaliação completa, recebendo, se necessário, tratamento fisioterapêutico, treinamento e prescrições de exercícios para casa, focados em postura, fortalecimento e planilhas de treinamento. Personalizar os programas de treinamento, considerando as necessidades de cada animal, é essencial para garantir que o cão corra com segurança. No esporte a dedicação e preparo são essenciais, mas a paixão pela corrida e pelo cão é o que faz a diferença. Investir no preparo físico do cão transforma cada treino em uma oportunidade de evolução e diversão. Com foco e preparação adequada o canicross nos desafia a sermos mais fortes e resilientes, enquanto cria uma conexão única com nossos cães.

Entrevista com

Antony Le Moigne

Antony Le Moigne é um nome que ressoa fortemente no mundo do canicross. Com um impressionante currículo de três títulos mundiais, três europeus e várias conquistas nacionais na França, ele se destaca não apenas por suas vitórias, mas pela paixão e dedicação que transparecem em cada corrida. Mais do que um atleta de elite, Antony se tornou uma verdadeira inspiração para praticantes de canicross ao redor do globo, motivando todos que compartilham o amor por esse esporte a se superarem, tanto física quanto mentalmente. Sua trajetória é um exemplo de como determinação e conexão com os cães podem transformar desafios em conquistas extraordinárias.

Acompanhe mais sobre esse incrível atleta na entrevista a seguir...

Canicross Magazine:

Você conquistou muitos títulos ao longo de sua carreira, incluindo três campeonatos mundiais e europeus. Qual é o segredo para se manter no topo por tanto tempo em um esporte tão competitivo? De fato, meus cães conquistaram 3 títulos mundiais, 3 títulos europeus, 12 pódios internacionais e 14 títulos nacionais. Meu maior orgulho é ter encontrado os meios para que cada um dos meus cães pudesse alcançar essas performances. Sempre me preparei de acordo com as qualidades e os pontos fracos dos meus lobos, para que pudéssemos realmente formar uma equipe. O segredo está na paixão, no amor, na paciência e na capacidade de questionar a si mesmo. Aumentar os conhecimentos em todos os campos (nutrição, treinamento, recuperação...) permite se tornar uma versão melhor de si mesmo, corrida após corrida, e ser um líder de confiança para meus cães. O respeito por eles é a base do nosso esporte, mas também da performance. Quando entendemos isso, então tudo é possível.

Você detém o recorde mundial com um ritmo de 2:05 min por km. Pode nos contar como se preparou e qual foi sua sensação ao realizar esse feito impressionante? Foi um desafio louco, mas interessante, para que a esfera esportiva percebesse o valor acrescentado do cão no nosso esporte. Eu queria mostrar que o cão é um atleta e que ele induz uma grande supervelocidade para o ser humano. Para esse recorde mundial, entendi rapidamente que o fator limitante era eu e não meu cão LINK. Portanto, precisei trabalhar muito a minha velocidade máxima aeróbica, minha capacidade de resistência muscular e a supervelocidade. Minha preparação foi orientada em torno desses 3 eixos e em altitude. Foi muito emocionante pensar que mecanicamente eu era um dos poucos humanos a ter corrido a essa velocidade em 1 KM. LINK foi perfeito naquele dia, tanto em termos de concentração quanto de comprometimento. É um momento que nos unirá para sempre, e LINK me ensinou muito nessa corrida: quando nos comprometemos sem concessões, sempre alcançamos nossos objetivos.

Aos 44 anos, como você se mantém em forma e pronto para competir em um nível elevado contra atletas mais jovens?

A experiência não tem preço. Com o tempo, adquirimos estratégia de corrida, sabedoria e autoconhecimento. Sempre gostei de ultrapassar meus limites e me preparar para isso. Acho que o corpo é uma ferramenta incrível de expressão e minha motivação é ajudar meus cães a se expressarem da melhor forma possível. É fascinante encontrar todos os dias formas de nos tornarmos mais fortes juntos. Acho que é uma bela busca, e a dimensão mental é essencial nessa abordagem.

Quais são suas expectativas e seus objetivos para o próximo campeonato mundial de canicross da ICF na Itália em outubro? Gosto de declarar minhas ambições, mesmo que, de ano em ano, o nível se intensifique. Este ano, gostaria de ganhar o título mundial na categoria veterano e ficar entre os 3 primeiros na classificação geral... mas vou te contar um segredo: meu objetivo é cruzar a linha de chegada sabendo que nos preparamos muito bem e que corremos no nosso nível.

Como você gerencia o treinamento e a saúde dos seus cães para garantir que eles estejam no seu melhor nível de desempenho durante as competições? Isso é essencial para mim, pois meus cães são cães de esporte, mas antes de tudo, são cães de família, meus confidentes, meus colaboradores e parte de mim. Os princípios básicos que aplico são a progressividade na construção dos treinos, a observação permanente dos meus cães para poder adaptar quando necessário. Nada é nunca fixo e nada é nunca garantido, o que exige uma grande capacidade de questionamento. Meus cães são sempre o barômetro do que podemos implementar, sempre com a noção de longevidade.

O que você considera o maior desafio no canicross e como você supera esses desafios tanto física quanto mentalmente? O maior desafio é manter essa regularidade em alto nível e ser uma versão melhor de si mesmo a cada dia que passa. É um esporte fisicamente exigente, e se superar em cada corrida exige muita concentração, comprometimento e energia, mas meus lobos me dão uma motivação inabalável quando os observo. Essa conexão permanente com eles é uma enorme inspiração.

Que conselhos você daria aos jovens atletas que estão começando no canicross e sonham em alcançar o mesmo nível de sucesso que você? Nunca se esqueça de que este é o esporte individual mais coletivo que existe. O prazer virá primeiro da atenção que você dedica ao seu cão. Pense primeiro no jogo antes de pensar na competição. Depois, reserve tempo para construir sua dupla sem se comparar e analisando bem seus pontos fortes e fracos. E por fim, divirta-se, sempre!

O que o canicross representa para você? Meus cães me dão grandes lições de vida e contribuíram muito para me tornar o homem que sou hoje. Para mim, o canicross é a união das energias entre meus cães e eu, e sempre permanece como um momento suspenso no tempo. Representa liberdade, amor, superação e respeito. Nós nos superamos um pelo outro e um com o outro... Isso amplifica todas as emoções.

Canicross Magazine: Muito obrigado por participar desse bate papo conosco Antony. Desde o inicio da nossa revista o seu nome já figurava em nosso quadro de desejos, e hoje você está aqui fazendo parte da nossa história. Que sua imagem continue inspirando muitos atletas pelo mundo.

Foto: Ludovic Carpentier @ludovic_carpentier76

Foto: Sarah Boillet @sarah.boillet.photographie

Campeonato Nacional

Todas as fotos de: Juki @canicrossemfoco

No dia 29 de agosto de 2024, a ABCAES realizou o Campeonato Nacional, um evento que ficará marcado na memória de todos os presentes. O cenário não poderia ser mais encantador: o deslumbrante Hotel Fazenda Recanto Shangri-lá, em Brotas - SP, foi o palco perfeito para um dia de superação, adrenalina e muita emoção. Ao longo do dia, 39 atletas se enfrentaram em um verdadeiro espetáculo de resistência e cumplicidade com seus cães, distribuídos em modalidades como Canicross, Canicross Duo, Bikejoring, Scooterjoring e Canicross Kids. Cada modalidade trouxe sua própria dose de emoção, mostrando a incrível conexão entre humanos e seus companheiros de quatro patas.

O campeonato contou com o apoio de vários patrocinadores, que contribuíram para que o evento fosse um sucesso.

Entre eles, a Stepbike, que fretou um ônibus de viagem para levar as crianças do projeto Destrava. Essas crianças, que são autistas ou possuem síndrome de Down, emocionaram a todos com sua participação especial, mostrando que o esporte é uma poderosa ferramenta de inclusão social e desenvolvimento. O Projeto Destrava, que utiliza o Footbike como meio de promover o desenvolvimento e a inclusão dessas crianças, é um exemplo inspirador de como o esporte pode transformar vidas. Para saber mais sobre esse projeto incrível, acesse www.stepbikebrasil.com.br

O evento começou pontualmente, seguindo o cronograma com precisão, e trouxe desde o início a energia contagiante do Canicross, seguido pelo Canicross Duo, Bikejoring e Scooter, culminando com a participação das crianças. Entre os competidores, tivemos atletas de nível internacional, como Matheus Oliveira, que conquistou o 5º lugar no Campeonato Mundial de Canicross do ano passado, realizado pela IFSS e o casal Andreia e Eduardo Ribeiro, que não apenas competiram, mas também foram organizadores dedicados do evento, ao lado da equipe da ABCAES. Esses três grandes atletas representarão o Brasil no Campeonato Mundial deste ano que será realizado pela ICF na Itália, levando consigo todo o orgulho e esperança do país.

Mas as estrelas não brilharam sozinhas. Todos os atletas se destacaram, muitos alcançando seus recordes pessoais em um percurso que foi, por si só, uma experiência inesquecível. O trajeto, magistralmente sinalizado ao redor de um belíssimo laranjal, ofereceu condições ideais para a prática do esporte: terra batida e grama baixa, uma altimetria moderada nos primeiros quilômetros e uma descida emocionante no final. Esse cenário perfeito não só proporcionou ótimos desempenhos, mas também encheu de satisfação cada competidor que cruzou a linha de chegada.

Entrevista com Lucélia Boccato

Lúcelia, uma experiente corredora de montanhas, aos 63 anos participou pela primeira vez de uma prova de Canicross e foi um exemplo de determinação e resiliência, superando todos os desafios do percurso junto com sua Whippet Ayla.

Canicross Magazine: Lucélia, o que a motivou a começar no canicross aos 63 anos e a envolver a Ayla como sua companheira de corrida? Eu sempre gostei de atividades físicas ao ar livre, especialmente corridas em montanhas, mas sentia que estava buscando algo novo, um desafio diferente. Quando descobri o Canicross, vi que era a oportunidade perfeita para unir minha paixão por corridas com o amor que tenho pela Ayla. Ela sempre foi cheia de energia e adoro a ideia de fazermos algo juntas, como uma dupla. Além disso, queria provar para mim mesma que nunca é tarde para começar algo novo.

Quais foram os maiores desafios que você e a Ayla enfrentaram durante a prova? Como foi a sensação de cruzar a linha de chegada juntas pela primeira vez? O maior desafio foi ajustar nosso ritmo. No começo, Ayla queria correr o tempo todo, enquanto eu precisava manter um equilíbrio para não me cansar tão rápido. Mas, com o tempo, aprendemos a nos sincronizar. Cruzar a linha de chegada juntas foi uma das experiências mais emocionantes que já vivi. Senti uma conexão incrível com ela, e ver o esforço conjunto dando resultado foi inesquecível.

Quais as principais diferenças entre as corridas solo nas montanha e a pratica de canicross junto com sua companheira de quarto patas? Correr solo nas montanhas é um momento mais introspectivo, em que você está sozinho com seus pensamentos e precisa lidar com os desafios por conta própria. No Canicross, a dinâmica muda completamente, porque não estou mais sozinha. Preciso estar atenta à Ayla, ao ritmo dela, às necessidades dela. É uma corrida em equipe, em que confiança e parceria são fundamentais. Por isso, o Canicross é muito mais rápido e exige uma coordenação diferente.

Quais são seus planos futuros no canicross? Pretende continuar competindo e evoluindo no esporte ? Definitivamente! A sensação de completar essa primeira corrida foi incrível, e quero continuar evoluindo ao lado da Ayla. Estamos sempre aprendendo uma com a outra, e acredito que ainda temos muito a melhorar. Meu plano é continuar competindo e talvez participar de mais provas, aumentando as distâncias e desafios. Além disso, quero inspirar outras pessoas, independentemente da idade, a não desistirem de experimentar novos esportes e aventuras.

Entrevista com Marcílio Sant’Ana

Marcílio Sant’Ana e Tuca, terceiro lugar na categoria Sênior (19 a 39 anos), são atletas de agility e canicross há 1 ano e meio. Eles brilham nos pódios e estão sempre em destaque nas competições nacionais.

Canicross Magazine: Marcílio, como foi sua experiência de competir no Campeonato Nacional da ABCAES e conquistar o terceiro lugar na categoria Seniors? Quais foram os momentos mais desafiadores da prova? O evento foi incrível como um todo. O local escolhido, a fazenda Shangri-lá, é bem legal e o trajeto da prova foi muito bem escolhido, permitindo que duplas de todos os níveis participassem e se divertissem muito. Além disso, vale destacar toda a dedicação da equipe da ABCAES que participou da organização deste evento. Estava tudo muito organizado, desde a largada até o pós-prova, ocorrendo tudo bem com tutores e cães. Quanto ao terceiro lugar na categoria, é impossível disfarçar a alegria com o resultado, mas considero isso como secundário. O que me deixa mais feliz nessas provas é ver a Tuca se divertindo, fazendo uma das coisas que mais gosta, que é correr. E este é o objetivo do canicross, a corrida e diversão do humano com seu melhor amigo. É claro que sempre damos nosso melhor nas provas, mas de nada adianta se não houver diversão para a dupla. A gente sempre deseja participar das provas e ter bons resultados, mas a prática do canicross vai muito além disso. O objetivo principal é fazermos uma atividade física que seja prazerosa, mantendo a saúde e aumentando nossa conexão.

Sendo um atleta experiente em canicross, corrida e até no esporte agility, como você se preparou para essa competição específica? Sempre gostei muito de esportes e já pratiquei variadas modalidades, como por exemplo futebol, basquete e judô. Entretanto, hoje em dia o foco está no canicross, agility e corrida. A prática da corrida em si entrou na minha vida por causa do canicross. Quando iniciei o canicross com a Tuca percebi que ela fazia um grande esforço para me puxar e eu terminava os treinos bem desgastado. Resolvi treinar especificamente corrida para que esse esforço diminuísse. É óbvio que nunca chegaremos a correr na velocidade dos cães, mas se otimizarmos o esforço, conseguiremos ter uma melhor performance juntos. Para a competição específica, faço treinos específicos de corrida e fortalecimento muscular, que é muito importante para reduzirmos a probabilidade de lesões. Junto com a Tuca, além dos passeios diários e brincadeiras de bolinha, treinamos 1 vez canicross e 2 vezes agility durante a semana. Também fazemos alguns exercícios na forma de brincadeiras para alongamento e fortalecimento.

Você acredita que os treinos de agility favorecem de alguma forma sua conexão com a Tuca e consequentemente sua performance no canicross? Acredito que toda atividade física com os cães traz benefícios e ajuda na conexão entre humano e seu cão, mas é importante que a atividade seja sempre prazerosa para eles. Cientificamente não sei se um esporte influencia no outro. Entretanto, apesar dos esportes não serem interdependentes, a minha sensação pessoal é que os diferentes estímulos se complementam para o condicionamento físico e mental do cão, ajudando no seu bem-estar. Os dois esportes estimulam bastante a parte mental. No agility o cão direciona toda sua atenção para os comandos verbais e visuais do condutor para seguir a correta sequência de obstáculos. No canicross o cão precisa estar atento aos comandos de direção e no trajeto, uma vez que são terrenos irregulares com raízes, erosões, pedras etc. Já na parte física, o agility exige velocidade e explosão de curta duração, envolvendo muitos saltos e mudança de direção, enquanto no canicross precisando de velocidade e resistência com maior duração.

Quais são seus objetivos futuros no canicross, e como pretende continuar evoluindo nessas modalidade e se destacando nas competições? Meu objetivo é continuar a prática com a Tuca enquanto estiver sendo divertido para ela, pois acredito que a prática esportiva proporciona diversão e bem-estar, contribuindo para a saúde da dupla. Além disso, a ideia é incentivar cada vez mais a prática do canicross, levando ao conhecimento do maior número de pessoas possível. É uma forma de ajudarmos nosso cão a ter uma vida saudável e, em muitos casos, é a porta de entrada no mundo do esporte de uma pessoa que nunca gostou de atividade física. É importante ressaltar que o esporte não exige um atleta de alto rendimento nem uma raça definida. A gente gosta de treinar para sempre evoluir, mas isso é algo muito pessoal. Eu sempre digo que a vontade de melhorar a performance vai de pessoa para pessoa e que não devemos focar nisso para praticar o esporte, pois o objetivo principal é a diversão da dupla. A beleza do canicross é ser um esporte democrático, que permite a participação de pessoas de qualquer idade, estatura e porte físico, assim como cães de qualquer raça e porte. Basta ter vontade e garantir que a dupla esteja apta para a prática esportiva. Este último ponto é de extrema importância, não só para o canicross, mas para todos os esportes. Um checkup para nós humanos e para nossos cães é fundamental para nos certificarmos que não há qualquer condição que traga um risco à saúde.

Para consultar a classificação por categoria, acesse o link https://www.canva.com/design/DAGO573cCdM/igRGptw4Hbuexs2d9VUwAw/view

Não há duvida que pelo nível apresentado o próximo ano promete mais competidores, patrocinadores e aquela diversão de sempre para os grandes astros do evento... os nosso cães.

ATIVADOG

do Sul para a Bahia, com Canicross

Por Joana do Carmo e Roger Miszak

Um casal de adestradores, Roger Miszak e Joana do Carmo, criaram uma empresa de adestramento pouco convencional. Era ano de 2019 em Porto Alegre e por receberem muitos cães com reatividade, sedentarismo ou excesso de peso, a proposta de ATIVIDADES PARA CÃES sempre foi uma realidade para além do slogan da empresa. Focados em adestramento positivo e em oferecer passeios em parques e um espaço com agility recreativo, em pesquisas sobre esportes para cães, conheceram o Canicross. E melhor ainda, que havia na cidade uma competição de canicross chamada “Vai Totó”. Na ocasião Roger estudou vídeos, adaptou equipamento e foi participar da competição, com nosso único cão na época, o Costelinha. Foram vencedores da categoria iniciantes. Ali se fez a paixão e o Canicross além de um hobby pessoal, começou a ser usado por nós como ferramenta auxiliar do adestramento. Roger praticava com cães clientes que eram muito enérgicos ou que tinham reatividade, a fim de poder proporcionar momentos de dessensibilização com outros cães, depois da prática do Canicross.

Foto: @fokusnana

Foto: @fokusnana

Depois de 2km de corrida e trote, nenhum cão quer guerra com ninguém. Assim o Canicross passou a ser uma prática e fomentamos treinos nos parques, os clientes vieram e já em 2020, numa flexibilização da pandemia chegamos em outra prova com uma equipe de 08 conjuntos. Foi uma festa porque 6 conjuntos estiveram no pódium. Assim firmamos muitos passeios e treinos de canicross,com clientes e seus dogs, percebendo que estávamos promovendo o esporte e o bem estar das pessoas e dos cães. Em 2021 participamos de outro campeonato levando 10 conjuntos e recebendo muitas premiações por categorias, onde uma delas foi o AtivaDog campeão por equipe do Campeonato Gaúcho de Canicross. Em 2022, surgiu a necessidade de uma mudança para a cidade de Salvador e foi uma decisão muito difícil, porque a empresa estava um sucesso, e se despedir de uma clientela peluda, com encontros diários, não foi fácil e até hoje merece minutinhos de lágrimas quando surgem fotos na timeline de lembrança das redes sociais. “A Bahia é o mundo!” e esse mundo ainda não conhecia o Canicross. Salvador nos surpreendeu por ser uma cidade pet friendly, com praças para cães, ações de vacinação e castração gratuita e uma cultura de eventos para cães. Assim descobrimos as “cãorridas” que aconteciam no asfalto quente e com os cães na coleira de pescoço. Ou seja, as pessoas queriam fazer atividade, mas não conheciam a maneira correta e segura de fazer isso. Na Bahia a nossa família também cresceu. Adotamos a Loba e a Gaia. Gaia tem no gene a corrida, vem da raça Braco Alemão e tem demonstrado muita sede de canicross! Saímos à procura de locais confortáveis, porque Salvador é uma cidade de verão em dez meses do ano e precisávamos trazer as pessoas para Natureza e tirar os cães do Sol e do asfalto. Rapidamente mapeamos os parques, visitamos, verificamos a segurança, e resolvemos criar um movimento para divulgar e oferecer uma forma lúdica de praticar o canicross.

Foto: Alberto Rezak @rezakfotografia

Foto: acervo Ativadog

Dog na Trilha

Assim nasceu o Dog na Trilha, apoiado pela ABCAES e pela Nostropet_canisport e divulgamos um circuito onde cada mês teria um encontro em um Parque. O canicross foi se consolidando, de forma que algumas pessoas chamam os amigos ou traz a família, outros que vem por curiosidade e ficaram conosco, colecionando aventuras. Em 2023 levamos para a prefeitura de Salvador a proposta da primeira prova de canicross da Bahia e juntos realizamos o DOG NA TRILHA SOLIDÁRIO no Parque da Cidade, onde celebramos 14 conjuntos de canicross e 46 conjuntos na Cãominhada, uma grande sucesso para uma cidade que estava conhecendo o Canicross. Mantemos encontros todos os meses e já visitamos o Parque Pituaçu, Parque da Cidade, Parque das Dunas, Praia de Jardim de Alah, Fazenda Martinelli, Emissário Arembepe e a Lagoa Azul, numa constante renovação de paisagens incríveis que a Bahia oferece. O primeiro Dog na Trilha em 2022, tivemos 5 pessoas e agora vamos celebrar 2 anos de atividades e já houve encontros com 42 pessoas. Criamos uma constância, fidelizamos os atletas e estamos sempre oferecendo locais diferentes onde os próprios baianos se surpreendem, e muitas vezes a frase “precisou vir um gaúcho pra eu conhecer esse lugar” se repete. O canicross caiu no gosto dos baianos, trazendo atletas de cidades próximas de Salvador e agora estamos trazendo mais uma novidade.

Segunda Prova de Canicross da Bahia Estamos em plena produção da segunda prova de canicross, num formato de evento que cresceu pela chegada de patrocinadores que apoiam inovações!. Estamos convidando o Brasil e o Mundo para fazer canicross na Bahia, no dia 03 de novembro no CÃO NA TRILHA NATURE, uma prova de 2km (gostamos de promover circuitos em locais com trilha à sombra e com kilometragem baixa, considerando a temperatura da cidade) para que todos possam participar. Como o evento promove a divulgação do canicross, inserimos a categoria cãominhada, de forma a trazer a família, as pessoas que ainda não tem o equipamento ideal, mas que poderão desfrutar de uma trilha na natureza, com uma matilha segura. Os valores são acessíveis, com kit atleta básico de camiseta, medalha e número de peito para cãominhada e corrida. Para a corrida de canicross teremos premiação para os três primeiros colocados em categoria geral masculino e feminino. Se você gosta de canicross, venha conhecer Salvador, participando do “Cão na Trilha Nature”. Canicross é para que você e seu cão possam se reconectar com a Natureza, desfrutando da sensação de bem estar e aventura que uma atividade como essa pode proporcionar

A prova de 2024 terá algumas novidades com relação ao evento de 2023. Neste ano, o número de vagas passará de 70 para 150, sendo 50 inscrições para categoria Canicross e 100 inscrições para a categoria Cãominhada. Outra novidade nessa edição é que haverá aferição de tempo por sistema de microchipagem na categoria Canicross. As largadas serão individuais com intervalo de alguns segundos, pois acreditamos ser um modelo mais seguro para um momento onde todos estão ansiosos, tanto homem quanto cão. O percurso é de 2km para o Canicross e 1km para cãominhada, totalmente arborizado, numa trilha plana e larga. Seguindo as novidades, neste ano ambas as categorias receberão camiseta, medalha de participação e número de peito. Haverá ainda troféus e brindes dos parceiros aos campeões do Canicross, categoria feminino e masculino geral (1°lugar 2°lugar e 3° lugar). O evento acontecerá no Parque Pituaçu, localizado na capital Bahiana. O parque abriga uma área de proteção ambiental, que conta com uma paisagem incrível e única. O Parque Pituaçu conta com uma trilha de 14 km rodeando uma grande Lagoa que conta com uma pequena ilha. Além da trilha o parque possui uma área de vivência e de circulação de pessoas muito organizada, limpa e aconchegante. Possui estacionamento gratuito, conta com equipe de segurança no ambiente de trilha e nas áreas de vivência comum e monitoramento por câmeras em locais de circulação. Esse ano compartilhamos a realização com a Amoedo Distribuidora e seus parceiros e isso garante que este evento seja uma experiência inesquecível! Então você leitor, amante do universo canino e do Canicross, independentemente do lugar do lugar que você esteja, sinta-se mais do que convidado a embarcar nessa aventura. A Bahia te espera!

Por Joana do Carmo e Roger Miszak

Foto: Alberto Rezak @rezakfotografia

NACC - North American Canicross

Fotos de: Jessica Willis e Teri Sommer Unbridled Imagery https://www.unbridledimagery.com/

Como a Comunidade de Canicross Está Ganhando Impulso

Por Celeste Bailey

O que você obtém quando combina amantes de cães, a motivação de um corredor e quilômetros de trilhas arborizadas? Uma comunidade de pessoas com o mesmo objetivo, animadas para sair e correr pelas árvores com seus companheiros caninos liderando o caminho. Se você não está familiarizado com o canicross, não está sozinho. Esse esporte de trilhas cross-country, que envolve prender um arnês no seu cão e correr pela floresta, é popular em outros países, mas só recentemente começou a ganhar popularidade nos Estados Unidos. Isso se deve, em parte, ao trabalho árduo de Alexis Karpf, Jacqui Johnson e Lizzie Hill, fundadoras da North American Canicross (NACC) em Atlanta, GA.

O que é Canicross? Canicross, simplesmente, é correr em trilhas cross-country com seu cão! É a combinação das palavras "canino" e "cross-country". A comunidade de cães de trenó originalmente desenvolveu o canicross para ajudar a treinar suas equipes fora da temporada de inverno. Os corredores usam um arnês e uma linha para amarrar um ou dois cães à sua frente. Então eles comandam os cães pela trilha. Devido à sua relação com a neve, o esporte é mais popular no norte e era originalmente chamado de "mushing urbano". "Aqui não há sinal de neve", brinca Alexis. "Estamos praticando um esporte de cães de trenó, mas você não vai encontrar trenós por aqui." Correr pelas trilhas de Atlanta tornou-se uma paixão pessoal para Hill, Karpf e Johnson. Isso as motivou a manter-se em forma, aliviar o estresse e exercitar seus animais de estimação, ao mesmo tempo em que fortaleceram sua amizade. Elas sabiam que esse esporte era especial e queriam trazê-lo para mais donos de cães em sua região. O objetivo delas? Construir uma comunidade onde donos de cães ativos pudessem se conectar, aprender e desafiar a si mesmos — e seus cães — a melhorar seu condicionamento físico por meio de um esporte acolhedor e de apoio. Elas fundaram a NACC em 2019 e logo perceberam que haviam descoberto um tesouro escondido.

Três Amigas, Nove Cães e Uma Necessidade de Velocidade. Quando Alexis, Jacqui e Lizzie se conheceram em 2017, não faziam ideia de que estariam trazendo um esporte tipicamente associado à neve para o sul. Isso aconteceu naturalmente quando o trio de amigas ativas percebeu que tinham mais em comum do que o amor por seus cães. As três se conheceram por meio de interesses relacionados a cães. Jacqui já era uma corredora apaixonada, que conheceu Alexis no One World Canine Obstacle Run — uma corrida de obstáculos em Anniston, AL. Jacqui sugeriu que treinassem para essa corrida praticando canicross juntas. Alexis e Lizzie se conheceram no treinamento de agilidade canina. Juntas, as três amigas descobriram um amor compartilhado por correr com seus cães. Quanto mais treinavam, mais perceberam que esse esporte tinha muito potencial para outros amantes de cães na região. Elas só precisavam de uma maneira de divulgar. Em junho de 2020, registraram a NACC e escreveram o North American Canicross Titling Program Handbook. Um programa esportivo para comemorar as conquistas que corredores e seus cães alcançaram por meio do canicross. Essa iniciativa lançou as bases para que o canicross fosse reconhecido como um esporte legítimo tanto para cães quanto para corredores.

Conquistando Títulos com a NACC Programas de titulação não são novos para a comunidade de esportes caninos. Participantes de muitos esportes caninos podem ganhar títulos ou conquistas com seus cães. Os programas de títulos permitem que os membros acompanhem seu progresso e realizações individuais, fazendo com que a principal competição seja consigo mesmos. "Estávamos familiarizadas com programas de titulação como o North America Diving Dogs (NADD) e a United States Dog Agility Association (USDAA) porque competimos neles. 

Atleta: Jacqui Johnson Dog: Jolt

Atleta: Alexis Karpf Dog: Bowie

Atleta: Lizzie Hill Dog: Motive

Decidimos que seria uma ótima maneira de motivar outros a participar do canicross", diz Alexis. Usando sua experiência anterior, começaram a criar o programa de titulação para o canicross, a fim de motivar os membros — e a si mesmas. "Estávamos acompanhando nossa própria quilometragem e pensamos: Seria uma ótima maneira de comemorar as distâncias percorridas com seu cão", explica Johnson. O programa de títulos da NACC busca manter e promover os mais altos padrões de competição em canicross para equipes de corrida entre cães e humanos, assim como para entusiastas de esportes caninos em todos os níveis. Além do programa de títulos contínuo, que pode ser realizado no seu próprio ritmo, a NACC organiza uma série de corridas presenciais ao longo do ano. Isso permite que os praticantes de canicross corram juntos com seus cães. Esses eventos oferecem uma excelente oportunidade para se conectar com outros na comunidade. "Temos três programas competitivos diferentes, que incluem as Milhas Alcançadas ao Longo da Vida, os Títulos de Distância de Cão de Corrida e os Títulos de Campeonato, que têm estruturas semelhantes, mas diferentes padrões de competição no canicross", diz Alexis. "Você pode acompanhar sua quilometragem como quiser, seja durante uma sessão de treino, uma corrida ou apenas por diversão."

As milhas acompanhadas contam para ganhar títulos e moedas comemorativas de desafios. Cada uma está listada no manual da NACC, para que você possa definir novos objetivos com cada marco alcançado. A NACC promove o canicross como um esporte competitivo nos Estados Unidos. Suas regras e regulamentos são derivados daqueles praticados pela International Federation of Sleddog Sports (IFSS).

Nenhuma Experiência Prévia Necessária A associação recebe pessoas de todos os níveis e habilidades. A comunidade online no Facebook, o North American Canicross Fan Club, é um espaço seguro para praticantes de canicross, desde iniciantes até níveis avançados, fazerem perguntas. Seja sobre o tipo de equipamento para comprar, como treinar seu cão ou como melhorar seu recorde pessoal (RP) — todos são bem-vindos. "Nós criamos uma comunidade de apoio porque não há exigências de velocidade ou raça. Dizemos que todas as raças e velocidades são bem-vindas", afirma Jacqui. O canicross pode ser considerado um esporte canino mais acessível para a pessoa comum. Outros esportes, como agilidade e mergulho em doca, exigem equipamentos caros e uma instalação para treinar. "Para o canicross, tudo o que você precisa é de uma trilha, um cinto de cintura, um arnês e uma linha elástica", disse Alexis. "Você pode investir tanto quanto quiser no equipamento." "Esportes movidos por cães são para todos! Você não precisa começar como corredor ou mesmo como atleta, e não precisa ter a raça de cachorro 'tradicional' para obter muito do canicross", concorda Lizzie. Também é aberto a uma ampla gama de faixas etárias. A NACC atualmente tem membros com idades entre 11 e 67 anos. "Concentre-se em seus objetivos e em seu cão, e simplesmente divirta-se construindo um vínculo, mantendo-se saudável e conectando-se com uma comunidade incrível de esportes caninos!" diz Lizzie.

Um Esporte Canino para Todos Treinar seu cão para correr com você não é tão complicado quanto pode parecer. "Queremos que o cão entenda comandos básicos de esquerda e direita, porque eles estão à frente", disse Alexis. "Ensinamos a eles 'esquerda', 'direita' e 'pare' (ou 'devagar') para que reduzam a velocidade ao descer colinas. Então temos comandos motivacionais para fazê-los correr mais rápido, como 'vamos, vamos, vamos!'" A North American Canicross recomenda fortemente obter liberação de um veterinário antes de começar no canicross. Algumas raças podem superaquecer mais rápido do que outras, por isso é importante conhecer as limitações do seu cão. "Sempre escolhemos trilhas que têm acesso a água potável, lagos ou riachos. Você não quer que seu cão carregue nenhum tipo de mochila, pois isso coloca um esforço adicional em seu corpo. Quando está com o equipamento de canicross, o trabalho do cão deve ser o movimento para frente e se inclinar no arnês", acrescenta Jacqui. Hoje, a NACC se tornou muito mais do que um passatempo ou hobby para as três amigas. Elas não só treinam diariamente para competições e eventos, como também planejam novas maneiras de divulgar o esporte. "Atualmente, temos mais de 3.700 entusiastas de canicross em nosso grupo no Facebook", explica Alexis. "No próximo ano, estamos a caminho de alcançar mais de 800 membros em nosso programa de títulos!" A NACC já superou a United States Federation for Sleddog Sports, da qual Lizzie é membro do conselho. Lizzie se tornou uma atleta de ponta no esporte, algo distante dos seus primeiros dias, quando não se considerava corredora. "No meio de um momento bastante difícil na minha vida, decidi correr uma corrida de obstáculos canina apenas para me divertir com meus amigos e meu cão resgatado, Motive. A alegria dele ao correr era tão contagiante que prometi correr com ele enquanto ele continuasse feliz correndo, e o canicross se tornou nossa válvula de escape". E, posso dizer honestamente que minha vida melhorou por causa disso." Lizzie já se destacou no esporte de mushing em terra seca. Na temporada 2023-24, Lizzie conquistou o impressionante título de primeiro lugar no canicross feminino pela International Sled Dog Racing Association (ISDRA). Ela também está classificada em primeiro lugar mundialmente no canicross feminino pela IFSS. Em 2025, Lizzie planeja se inscrever para a Copa do Mundo da IFSS com sua mais nova companheira de equipe, Alibi, uma jovem Eurohound que ela está treinando atualmente. "Eu estava tão preocupada que não seria boa no canicross porque eu não era atleta de pista na escola, mas o canicross é mais sobre criar um vínculo de confiança e treinar com seu cão do que sobre correr em um determinado ritmo ou distância," explica Lizzie. "Concentre-se em seus objetivos e no seu cão, e simplesmente divirta-se construindo um vínculo, sendo saudável e conectando-se com uma incrível comunidade de esportes caninos!" A NACC tem grandes planos para o clube em crescimento. "O canicross é uma válvula de escape incrível para cães e seus humanos se motivarem, saírem de casa e buscarem juntos um estilo de vida saudável e feliz. Levar essa oportunidade para as massas levará a uma vida melhor para muitos cães!" explica Lizzie. "Minha visão para a North American Canicross é continuar crescendo e fomentando uma comunidade forte, onde os praticantes de canicross possam aprender uns com os outros, compartilhar suas vitórias, apoiar-se em seus desafios e, por fim, tornar o incrível esporte de canicross mais popular e acessível em todo o país," diz ela. "Quando você cruza a linha de chegada com seu cão, está comemorando e vivenciando isso com seu melhor amigo," diz Alexis. "É uma parceria. Quando você diminui o ritmo, seu cão te motiva a ir mais rápido, é um esporte em equipe, mas a equipe é você e seu cão. Isso é o que torna tão especial." Se você quiser se juntar a essa comunidade única de amantes de cães que também gostam do ar livre, de uma corrida matinal e de ar fresco, é fácil se envolver. Mesmo aqueles que são completamente novos no esporte podem encontrar muito suporte disponível no site da NACC, nacanicross.com. Não está na área de Atlanta? A NACC tem mais de 40 embaixadores nos Estados Unidos e Canadá que organizam encontros ao longo do ano. Confira a página do North American Canicross Fan Club no Facebook para se conectar com embaixadores em sua área.

J. Omar López Serna

Canicross um Esporte que Mudou o Rumo da Minha Vida...

O esporte sempre fez parte da minha vida, mas nunca imaginei o que o destino tinha reservado para mim.

Tudo começou quando adotei meu filhote de husky, Berlín. Eu procurava uma atividade para canalizar sua energia transbordante, e no caminho encontrei um grande amigo que me ensinou o que era o canicross. No México, esse esporte ainda é muito jovem. A primeira vez que nos conectamos, Berlín e eu, senti uma sensação incrível, aquela conexão única de se tornar um só com seu melhor amigo. Desde aquele primeiro dia, fiquei viciado e não consegui mais parar. Lembro das minhas primeiras experiências: parecia que não conseguiria, mas aos poucos fui melhorando. Pouco tempo depois, adotei Lalezcka, uma cadela pastor belga que chegou até mim em condições muito ruins devido aos maus-tratos que havia sofrido. Eu me propus a ajudá-la a se recuperar, e o canicross foi sua melhor terapia. Em 2022, ela se tornou Campeã Nacional na categoria Master I, o que nos garantiu a vaga para participar do primeiro Mundial em Leipa e representar com orgulho o México. No mesmo ano, Atlas chegou à minha vida, outro filhote adotado cuja mãe vivia em um lixão. Ao ajudá-lo, nunca imaginei seu potencial. Atlas nasceu para correr; não precisei ensiná-lo muito, pois o canicross estava em seu sangue. Ele me acompanhou até a Alemanha e se consagrou campeão da minha categoria no México em 2023. Agora, mais uma vez, representaremos o México na Itália em 2024. Cada um dos meus cães me proporcionou uma experiência única e marcou meu caminho no mushing. Nessa jornada, encontrei pessoas maravilhosas que contribuíram para que eu continuasse. Meu objetivo continua sendo encontrar a melhor versão de mim mesmo, graças às lições de vida que meus cachorros me proporcionam. Cada um, com sua peculiar personalidade, traz aprendizado, e a cada corrida, me mostram que a união e o coração te dão uma força inimaginável.

Hoje, estou decidido a divulgar esse maravilhoso esporte no México e mostrar que os cães são seres incríveis que sempre estarão ao seu lado. Podemos mudar a vida deles, mas na verdade, eles mudam a nossa. Hoje minha matilha é composta por quatro: Berlín, Lalezcka, Atlas e Spy, um cachorro da Fly-Dogs (Claire & Cedric). Ao olhar para trás e ver tudo o que conseguimos juntos, não posso deixar de me emocionar.

Foto: Daniel Pazarán @danielpazaranfoto

Meus cães não só me ensinaram a ser um melhor atleta, mas também uma pessoa melhor. Cada um deles me mostrou o verdadeiro significado do amor incondicional, da perseverança e da lealdade. Nos olhos deles vejo refletida a alegria de viver e o desejo de correr livres. Esses momentos na pista, com o vento em nossos rostos e o som de nossos passos sincronizados, são os que enchem meu coração de gratidão. Através do canicross, encontrei uma família e uma paixão que ilumina minha vida. Por eles e para eles, continuarei correndo, superando obstáculos e demonstrando que com amor e dedicação, não há limites para o que podemos alcançar juntos. Eles mudaram minha vida, e por eles, continuarei dando o meu melhor. Por último, quero expressar meu mais sincero agradecimento a Libi, minha companheira de aventuras e de vida, por seu apoio e motivação. Sua contribuição foi fundamental para alcançar este êxito. Também quero dedicar um agradecimento especial aos meus pais, meus queridos irmãos e sobrinhos, que são o melhor que me aconteceu na vida.

J. Omar López Serna

Foto: Daniel Pazarán @danielpazaranfoto